Ancestralidade e o seu papel em carreiras de liderança

Ao longo da vida colecionamos histórias, vivências, gostos, identidades e saberes que são transmitidos, seja através da ancestralidade ou pelas interações com o mundo ao nosso redor. Essas experiências, definem nossa identidade pessoal, e também ecoam em nossa trajetória profissional. 

Nossos antepassados desempenharam papeis vitais na transmissão de valores, tradições e sabedoria que moldaram as sociedades e comunidades ao longo dos anos. No contexto profissional a ancestralidade serve como fonte de orientação e inspiração, mas também desempenha um papel importante na  formação de carreiras de liderança. Honrar o legado e incorporar os valores e tradições de nossos antepassados, influenciam em lideranças mais comprometidas com um propósito coletivo. 

Essa conexão entre história, legado e liderança, nos mostra como a história e a sabedoria são capazes de moldar um futuro mais inclusivo e diverso. Neste artigo compreendemos o significado e a importância da ancestralidade, a sua importância de construir carreiras de liderança com propósito. 

Ancestralidade e Legado  

Nossa história pessoal é formada pela nossa individualidade herdada e a cultura que adquirimos ao longo da nossa vida. Cada escolha, cada experiência, contribui para a construção de uma narrativa individual que é constituída pelas influências dos nossos antepassados.

O ditado popular "O que trago dos meus antepassados é o legado deles que vive em mim" ressoa profundamente sobre o que forma a nossa identidade. Segundo Gaby Oliveira, mestre em Psicologia da Saúde, a ancestralidade é o fio que tece passado, presente e futuro. De um modo geral, a ancestralidade pode ser entendida como uma conexão, seja ela genética, espiritual ou cultural com as pessoas que vieram antes de nós, nossos ancestrais. 

A ancestralidade atravessa todos os aspectos das suas vidas moldando nossa jornada. No contexto profissional, não é diferente, ao carregarmos valores, crenças e sonhos, temos a oportunidade de olhar para trás para guiar nossas ações e decisões, como aconselha o conceito Sankofa. Originário da língua twi ou axante, Sankofa significa "retornar e buscar" e nos lembra da importância de reconhecer e honrar o legado dos nossos antepassados, utilizando sua sabedoria e experiência para moldar o presente e construir um futuro mais promissor.

A ligação com nossa ancestralidade desempenha um papel crucial moldando também nossas trajetórias profissionais, a exemplo da carreira de liderança, ao reconhecermos e valorizarmos nossa ancestralidade, abrimos espaço para uma liderança autêntica e consciente, fundamentada na sabedoria acumulada ao longo de eras que é capaz de mudar o presente e moldar o futuro. 

Compreendendo o papel na continuidade da nossa ancestralidade

Entender o papel da nossa continuidade nos conduz a uma jornada de reconexão com nossa identidade, proporcionando reflexões profundas sobre nosso momento de vida atual, trajetórias individuais e contextos profissionais.

Ao explorar nossas raízes, somos capazes de entender como aqueles que vieram antes de nós  influenciaram na nossa essência, no nosso propósito, e como podemos utilizar todo o conhecimento adquirido para orientar nossos caminhos profissionais reconhecer sua contribuição para nossa existência e para a formação de nossa visão de mundo e honrar esse legado. 

As histórias de nossos antepassados são repletos de narrativas, tradições, e valores transmitidos de geração em geração, revelando padrões comportamentais e habilidades que marcam aspectos de nossa identidade e nos direciona para onde podemos encontrar nossos caminhos, inclusive os profissionais, como um cargo de liderança. Ao abraçarmos nossa herança cultural e valorizarmos as tradições que nos foram transmitidas, fortalecemos nossa identidade e nos tornamos líderes mais autênticos. 

Construir uma liderança por meio da compreensão de nosso papel na continuidade da nossa ancestralidade somos capazes de criar um legado significativo, quando reconhecemos que somos parte de algo maior do que nós mesmos e que nossa jornada de liderança está ligada de alguma forma à jornada daqueles que vieram antes de nós, criamos uma liderança respeitosa baseada em contribuir para o sucesso daqueles que são liderados, moldando um futuro que também será ancestral. 

Honrando o legado dos antepassados na liderança

Para entender a relação da liderança com nossa ancestralidade e legado, é essencial entendermos que a liderança vai muito além de ocupar um cargo, ela está relacionada a um propósito, a influência que ela gera, a uma postura de responsabilidade e o repertório que carrega. Nesse sentido, a jornada de um líder é permeada pela herança cultural, traduzida em cada conquista, cada desafio, cada decisão tomada e pelos valores e experiências compartilhadas e transmitidas ao longo das gerações. Honrar o legado dos antepassados na liderança é mais do que lembrar o passado; é reconhecer que estamos conectados com as gerações que vieram antes de nós, que são fonte de inspiração e orientação para  transformar a maneira como os líderes conduzem suas equipes.

Assumindo sua ancestralidade, os líderes têm a oportunidade de desenvolver um estilo de liderança centrado no propósito coletivo e influenciar a maneira como conduzem suas equipes, ao incorporar os valores e tradições transmitidos pelos antepassados. 

Nesse contexto, honrando um legado ancestral, como liderança, estamos aprendendo com os ensinamentos do passado para renovar os caminhos do futuro e criando um presente mais resiliente capaz de resistir, reinventar e reconstruir, num mundo e mercado tão complexo. 

Um propósito coletivo na liderança. 

Pensar a liderança além dos objetivos pessoais, parte da perspectiva do futuro associado à celebração coletiva que contribui para o bem estar para as próximas gerações. Nessa perspectiva, o propósito não é apenas uma aspiração individual, mas parte de uma narrativa mais ampla em busca coletiva por justiça, igualdade e progresso.

Ao conectar propósito individual à sabedoria ancestral surgem novas dimensões da liderança. O desenvolvimento dessa liderança passa a não estar limitada em olhar para trás, mas sim em criar novos futuros. Essa abordagem reconhece o peso da responsabilidade de avançar em direção a construir um futuro mais inclusivo e equitativo.

Refletir sobre o propósito coletivo na liderança abre espaço para considerar e valorizar a diversidade de experiências, perspectivas e pontos de vista em uma sociedade. É tempo de honrar nosso legado e construir um futuro ancestral.


O papel das empresas na defesa dos direitos humanos

Os direitos humanos são fundamentais para a construção de uma sociedade justa e igualitária. Eles representam os direitos inalienáveis e universais de todas as pessoas, independentemente de sua origem, raça, religião, gênero, orientação sexual, ou qualquer outra característica. 

No entanto, apesar da importância, muitas empresas ainda não adotaram políticas internas pela defesa desses direitos. De acordo com o Pacto Global da ONU no Brasil, quase 90% das organizações participantes afirmam publicamente respeitar os direitos humanos. No entanto, apenas 26% têm políticas específicas para isso. Esses dados mostram uma lacuna grave, que precisa ser abordada. 

Neste artigo, vamos explorar o conceito de direitos humanos e mostrar como está a situação atual das empresas no Brasil e no mundo. Além disso, vamos discutir quais ações sua empresa pode colocar em prática para se posicionar a favor desses direitos. Confira! 

O que são direitos humanos?

O conceito de direitos humanos se baseia na ideia de que todos os seres humanos merecem respeito e igualdade de oportunidades. Esses direitos são reconhecidos internacionalmente e estão registrados em diversos documentos, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, adotada em 1948. Eles abrangem uma ampla gama de aspectos da vida, incluindo direitos civis, políticos, econômicos e sociais.

A importância dos direitos humanos para as empresas

As empresas desempenham um papel significativo na sociedade moderna, tanto do ponto de vista econômico quanto social. Elas têm a capacidade de influenciar diretamente a vida das pessoas, seja por meio de suas atividades operacionais, relações com os funcionários, fornecedores e clientes, ou pelo impacto que causam no meio ambiente. Portanto, é crucial que as empresas estejam comprometidas com a promoção e o respeito aos direitos humanos.

Infelizmente, a realidade mostra que muitas empresas têm falhado nesse aspecto. Relatos de abusos, condições de trabalho precárias, discriminação e poluição ambiental são frequentes. Essas práticas não apenas violam os direitos das pessoas afetadas, mas também prejudicam a reputação das empresas envolvidas. Além disso, essas empresas podem enfrentar consequências legais, perda de clientes e investidores, bem como danos à sua marca.

A falta de políticas alinhadas com os direitos humanos

Um dos principais problemas é a ausência de políticas robustas e alinhadas com os direitos humanos. Muitas organizações ainda veem os direitos humanos como uma questão secundária, negligenciando sua importância estratégica. Isso ocorre principalmente pela falta de conscientização sobre os impactos que as violações dos direitos humanos podem causar nos negócios.

Como citamos antes, apenas 26% das empresas possuem políticas adequadas para evitar essas situações, segundo o Pacto Global da ONU no Brasil. Além disso, um problema grave está no respeito aos direitos humanos em toda a cadeia de suprimentos. Muitas empresas até se preocupam com suas práticas internas, mas não olham para toda sua relação de fornecedores. Isso faz com que organizações acabem associadas com o trabalho análogo à escravidão ou com impactos negativos a comunidades locais. 

5 ações para empresas que defendem os direitos humanos

Com uma política interna bem desenhada, é preciso também partir para a prática. Esse é um grande desafio para empresas de todos os portes. Como traduzir o compromisso com os direitos humanos em ações concretas? A seguir, listamos algumas iniciativas importantes. 

1. Comprometimento da liderança

Em primeiro lugar, é importante que a direção e os altos executivos demonstrem um compromisso claro com os direitos humanos. Não é possível promover uma mudança cultural ampla sem que toda a liderança esteja verdadeiramente comprometida. Afinal, essas políticas não podem ser vistas como secundárias ou puramente uma ação voluntária. É importante que todos entendam os impactos estratégicos para o negócio. Só assim é possível estabelecer uma cultura organizacional que valorize a ética, o respeito e a igualdade.  

2. Implementação de políticas internas

Para defender os direitos humanos, as empresas precisam de políticas e diretrizes objetivas. É fundamental abordar neste documento os direitos humanos em todas as suas áreas de atuação. Isso inclui garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável, promover a diversidade e a inclusão, respeitar os direitos dos consumidores e envolver-se em práticas comerciais responsáveis.

3. Avaliação de riscos e monitoramento

É importante identificar e avaliar os riscos relacionados aos direitos humanos nas operações da empresa e em sua cadeia de suprimentos. As empresas devem investigar quais áreas têm maior risco de violações e monitorá-las frequentemente. Além disso, promover uma cultura aberta e transparente, tanto com funcionários quanto consumidores, pode ajudar a identificar situações de desrespeito rapidamente. 

4. Engajamento com stakeholders

As empresas devem promover espaços de diálogo com os principais stakeholders, para identificar problemas e desenvolver soluções conjuntas. Esse tipo de conversa franca com funcionários, fornecedores, comunidades locais e organizações da sociedade civil promove a transparência e demonstra o compromisso com os direitos humanos. Assim, todos se tornam fiscais e ajudam a empresa a promover práticas responsáveis. 

5. Educação e treinamento

Por fim, vale reforçar que as organizações devem investir na conscientização e no treinamento, tanto de seus funcionários quanto dos fornecedores. A educação é fundamental para promover uma cultura de respeito e responsabilidade social

Para desenvolver esses programas pedagógicos, é importante que as empresas façam um levantamento dos aspectos mais críticos. Isso pode ser feito através de entrevistas e avaliações de risco. Depois, é importante engajar a todos para participarem das atividades, sejam no formato de cursos, palestras, materiais educativos ou outros.

Se você não sabe por onde começar, hoje há consultorias que auxiliam no processo de educação para questões de inclusão e diversidade. Além disso, ter um time de RH estratégico ajuda muito a acompanhar essas transformações e aplicá-las em seu negócio.

Em resumo, podemos dizer que as empresas têm um papel fundamental na defesa dos direitos humanos. Por isso, é essencial que elas adotem políticas internas alinhadas com esses princípios, promovendo uma cultura de respeito, inclusão e responsabilidade. O engajamento das empresas com os direitos humanos não contribui apenas para um mundo mais justo, mas também fortalece sua sustentabilidade e reputação. 

Essa preocupação é conhecida hoje como ESG, sigla para a expressão Environmental, Social and Governance, ou, em português, Ambiental, Social e Governança. Se você quer saber mais sobre essa tendência de mercado, confira nosso artigo sobre o assunto