discriminação racial

Discriminação racial e preconceito racial: entenda a diferença entre os termos

A diversidade étnica e racial do Brasil não eliminou as chances de pessoas negras sofrerem racismo. Mesmo após 134 anos do fim da escravidão, pessoas brancas ainda estão no topo da pirâmide social. 

A recorrência de pretos e pardos ganhando duas vezes menos do que brancos demonstra o quanto o preconceito e a discriminação racial ainda precisam ser superados. 

Por isso, empresários e lideranças devem compreender o seu papel na transformação da sociedade. Para isso, a diversidade e inclusão devem estar nas estratégias adotadas nos seus negócios.

Acompanhe esse conteúdo e entenda como o racismo se manifesta e quais práticas adotar no trabalho para combatê-lo.

O que é preconceito e discriminação racial?

O preconceito racial está ligado à subjetividade das comunidades humanas. É um sentimento construído a partir da ideia da superioridade racial. 

Com a naturalização do racismo durante muitos séculos, pensamentos preconceituosos se tornaram comuns na cultura brasileira. 

Criticar e diminuir a aparência visual é uma das principais formas de preconceito. Por exemplo, negros de dreads são classificados como sujos. Ou pessoas de pele retinta escutam falas racistas sobre a sua cor. 

Já a discriminação racial acontece quando a população negra é impedida de acessar direitos ou é tratada de maneira desigual. Muitas vezes acontece através do racismo institucional, como não ser contratado por uma empresa devido a tonalidade da pele. 

É essencial investir em uma educação antirracista. A partir dela, pretos e pardos serão apresentados enquanto sujeitos históricos, produtores de cultura e conhecimentos

É importante também desenvolver políticas públicas com a finalidade de enfrentar o racismo estrutural.

O racismo estrutural e as desigualdades no Brasil

O racismo estrutural é compreendido como um conjunto de ações que perpetuam o preconceito, a discriminação e a dominação de um grupo étnico-racial sobre o outro. O conceito explica como uma sociedade está estruturada a partir de práticas racistas, sejam elas nos vieses culturais, econômicos ou institucionais. 

No Brasil, o racismo estrutural advém do processo histórico de exclusão e subordinação de povos não-brancos. Para isso, uma das medidas adotadas foi a institucionalização da escravidão. 

De acordo com o projeto The Trans-Atlantic Slave Trade Database, cerca de 4,9 milhões de africanos foram traficados para o Brasil até a primeira metade do século 19. Essas pessoas, em conjunto com os povos nativos, sofreram com o estabelecimento de um regime civilizatório que os europeus instituíram em todo o continente americano. 

Diante disso, as estatísticas evidenciam como a manutenção dos privilégios das pessoas brancas e do racismo produziram as desigualdades sociais. Segundo o IBGE, pretos e pardos correspondem a quase 70% dos mais pobres do país. 

Após a redemocratização, a Constituição Federal instituiu que todos os cidadãos possuem o direito ao bem estar, independente da origem, sexo, idade, raça ou cor. Já a lei n° 7.716 de 1989 definiu a discriminação racial como crime. 

Porém, mesmo com a criação de instrumentos legais de combate ao racismo, o preconceito e a discriminação ainda são comuns no cotidiano da população negra. 

Ainda é comum que trabalhadores enfrentem episódios de violência racial no ambiente de trabalho. Uma pesquisa expôs que 75% dos profissionais negros do transporte já foram vítimas de preconceito durante o exercício de suas atividades.

Assim, é importante garantir segurança, inclusão e equidade nas empresas. 

A seguir, saiba a importância de práticas antirracistas no mercado de trabalho e como aplicá-las. 

A importância de práticas antirracistas no ambiente corporativo

Grandes empresas nacionais e multinacionais já compreendem a importância da diversidade para o fortalecimento dos seus negócios. 

O racismo estrutural tem causado perda de talentos nas empresas, crises com o público consumidor que está cada vez mais atento e até mesmo rés em processos judiciais. Entretanto, para isso, é preciso que sejam adotadas políticas de reparação. 

Para superar a herança da discriminação e opressão contra negros no Brasil, se torna necessário o compromisso de toda a equipe. Entender que a luta contra o racismo não deve ser apenas de pessoas negras. 

O posicionamento deve ser o primeiro passo que as instituições devem buscar. Para além de afirmações ou campanhas de marketing para o público externo, um posicionamento antirracista no espaço de trabalho garante que os colaboradores negros não sofram violências e que preservem a sua saúde mental

Veja quais práticas antirracistas adotar na sua empresa.

Crie espaços para denúncias

Quando uma vítima de preconceito ou discriminação denuncia a violência sofrida é fundamental que ela seja acolhida. Normalizar o racismo protege o agressor.

Por isso, mantenha meios seguros para denúncias e oriente para que a gestão tome as medidas cabíveis. 

Saiba o seu lugar de fala 

Lutar contra o racismo é dever de todos os grupos, independente da sua raça. Porém, isso não significa que todos podem falar pelas pessoas negras.

É importante que cada um saiba o seu lugar de fala e o seu papel na construção de uma sociedade mais inclusiva. Negros por muito tempo foram proibidos de falar. Negar esse direito é continuar exercendo privilégio e excluí-los.

Elimine expressões racistas

É inegável que a cultura brasileira ainda conserva muitas palavras e expressões racistas. Comentários ofensivos durante conversas cotidianas podem passar despercebidos para pessoas brancas. Isso causa mal estar, desconforto e até medo nos colaboradores negros. 

Repensar o vocabulário é uma das práticas mais importantes que devem ser adotadas no ambiente de trabalho. 

Utilize a comunicação não violenta

A falta de entendimento na comunicação aumenta o nível de conflitos internos e impacta de maneira negativa os negócios. Por isso é importante adotar a comunicação não violenta dentro das empresas. 

Fortaleça lideranças negras

A representatividade é bastante significativa para pessoas negras. Isso acontece devido a presença majoritária de brancos em cargos de liderança.

Para um mundo corporativo antirracista a cultura dos negócios deve mudar. Por isso, fortaleça e crie oportunidades para que mais lideranças negras apareçam.

Desenvolver uma nova sociedade exige compromisso e disposição para as mudanças. Conheça mais sobre como criar ações concretas para uma empresa antirracista.