A comunicação não violenta é uma metodologia criada na década de 1960 que possui como objetivo principal desenvolver uma linguagem baseada na empatia e compaixão.
Atualmente é adotada em vários segmentos no mundo inteiro e é utilizada por grandes empresas, como a Microsoft e o Google. Além disso, essa metodologia contribui para fortalecer ambientes diversos e inclusivos.
Conheça o conceito e as origens da comunicação não violenta e confira as dicas de como aplicá-la no ambiente de trabalho.
O que é comunicação não violenta?
A comunicação não violenta (CNV) é uma abordagem de comunicação que busca transformar as relações interpessoais através de uma linguagem que exerça a empatia e a compaixão.
É utilizada em diferentes contextos, como na área da saúde, dentro da sala de aula ou mesmo entre liderança e equipe colaboradora. Seu objetivo é que, durante o diálogo, todas as pessoas envolvidas possam expressar seus sentimentos, suas necessidades e seus desejos de uma maneira eficaz.
A utilização desse método dentro das empresas melhora a comunicação interna e promove uma cultura organizacional em que os valores compartilhados são fortalecidos. Assim, cria-se uma coesão entre o grupo sem ignorar as individualidades.
Essa linguagem está focada na resolução de conflitos e é baseada na comunicação verbal e não verbal (gestos, expressões corporais, comportamentos).
A intenção é que durante a interlocução entre as pessoas, elas cheguem a um consenso positivo e que ele esteja alinhado com ambas. Dessa forma, haverá um equilíbrio nas relações.
As dificuldades de comunicação em ambientes diversos prejudicam os relacionamentos e as estratégias desenhadas pelas lideranças. A CNV contribui para a autoanálise do comportamento e das atitudes, abandonando o controle e a opressão e dando espaço ao respeito, empatia e a indulgência.
Veja quais as origens dessa metodologia e como ela está relacionada com a diversidade e a inclusão.
As origens da comunicação não violenta
O conceito da comunicação não violenta foi desenvolvido na década de 1960 pelo psicólogo Marshall Rosenberg. Ele nasceu em uma época de grande tensão racial nos Estados Unidos. Aos 9 anos, presenciou a explosão da violência contra pessoas negras migrantes do sul do país, no episódio conhecido como ‘distúrbio racial de Detroit de 1943’, onde 40 pessoas faleceram.
O psicólogo iniciou suas pesquisas almejando compreender quais os fatores dificultavam uma relação empática entre as pessoas. Suas observações o levaram a perceber como a linguagem e o uso das palavras possuem uma função importante nesse processo.
Rosenberg foi bastante influenciado pelas ideias de Mahatma Gandhi sobre a natureza compassiva dos seres humanos e pelos conceitos da psicologia humanista de Carl Rogers.
Assim, ele desenvolveu uma abordagem específica que possibilita o uso inteligente da capacidade humana de conexão, de ouvir e de se comunicar de maneira que o sentimento do emissor e do receptor são levados em consideração.
Aplicou sua metodologia ao participar de projetos de integração racial em instituições que promoviam a igualdade e lutavam contra a discriminação e intolerância racial.
Seu trabalho foi bastante significativo. Marshall Rosenberg foi convidado para atuar em acordos de paz em mais de 60 países entre África e Ásia, onde era responsável por realizar treinamentos sobre mediação de conflitos.
Já em 1999, ele publica o livro ‘Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais’. A partir de então, várias empresas no mundo inteiro adotam o livro para aprimorar as estratégias de comunicação interna.
Por isso, entenda a importância de praticar a comunicação não violenta nas organizações.
Qual a importância da comunicação não violenta para as empresas?
Uma boa comunicação dentro de uma instituição é uma das práticas responsáveis pelo sucesso das metas e ações. Ela auxilia na resolução de conflitos, no engajamento e previne impactos negativos na saúde mental dos funcionários.
A linguagem humanizada pela comunicação não violenta cria um ambiente de trabalho mais inclusivo, pois a mensagem considerada não é apenas a da liderança, mas de todas as pessoas que colaboram para o sucesso dos objetivos estipulados.
Segundo uma pesquisa do Indeed realizada com 840 pessoas, 52% acreditam que o papel da gestão deve incluir também a motivação dos funcionários, ajudando-os no seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Além disso, cerca de 38% espera que os gestores demonstrem interesse pelo bem-estar da equipe e que viabilizem um local diverso e inclusivo. Isso demonstra a importância da empatia nas relações dentro do mundo corporativo.
Para praticar a CNV é importante que:
- as pessoas não sejam comparadas, compreendendo que todas possuem habilidades diferentes, que são complementares, e garantindo uma equipe diversa;
- ao elaborar as estratégias de médio e longo prazo, criar a oportunidade para que a própria equipe consiga manifestar em quais atividades podem contribuir de modo mais assertivo;
- entender a importância de lideranças diversas e como elas promovem inspiração para grupos minorizados;
- assegurar um ambiente onde os colaboradores possam expressar suas dificuldades, desconfortos ou até mesmos violências sofridas no trabalho;
- ao expressar as suas necessidades evite utilizar um tom acusatório e coloque-se no lugar do outro.
Pilares da comunicação não violenta
Para uma boa abordagem da comunicação não violenta é preciso reforçar quatro pilares. São eles:
1. Observação
Durante a comunicação é preciso observar a essência do que está sendo dito e o que está acontecendo. É importante o questionamento se a mensagem agrega de maneira positiva, evitando julgamentos e se limitando a entender o que de fato está acontecendo.
2. Sentimento
Após observar a situação, compreenda qual sentimento ela desperta, seja culpa, raiva ou felicidade. Seja honesto consigo e permita ser vulnerável. Saiba diferenciar o que se sente e o que se pensa.
3. Necessidades
Para a CNV é muito importante expressar as suas necessidades e acolher as dos outros. Isso garante um reconhecimento da importância de ambos e aumenta a probabilidade de que os desejos sejam atendidos.
4. Pedido
Seja assertivo em suas solicitações, evitando uma linguagem muito subjetiva ou ambígua. Utilize frases positivas e de afirmações.
Dicas de como desenvolver a comunicação não violenta no trabalho
A comunicação não violenta nas empresas permite com que as necessidades da equipe colaboradora sejam atendidas, é o que afirma a pesquisa da Aberje. 89% das pessoas entrevistadas afirmam que a falta de empatia na comunicação no ambiente corporativo, causa estresse e ansiedade.
Portanto, confira quatro dicas de como tornar a CNV parte da cultura da instituição.
Escuta ativa
A escuta ativa é uma das mais importantes habilidades dentro do local de trabalho. A comunicação é ineficaz quando apenas uma pessoa exerce o papel de emissor. Sem o processo de aprender a ouvir as necessidades das outras pessoas é provável que aconteçam perdas significativas na produtividade.
Espaços compartilhados
A disposição dos espaços no ambiente de trabalho pode gerar o sentimento de distanciamento entre a gestão e quadro de colaboradores. Organize locais onde todas as pessoas possam trocar ideias, conversar e que estejam confortáveis com a presença umas das outras.
Treinamento
Invista em treinamento especializado em CNV para o mundo corporativo. Ele contribuirá na elaboração de um diagnóstico das falhas de comunicação e como expandir ações que viabilizem a colaboração entre a equipe.
Respeito às particularidades
É muito importante respeitar a história individual de cada pessoa. Adote políticas de diversidade e inclusão considerando as particularidades históricas que atravessam parte da equipe.
Com as dicas apresentadas aqui a sua empresa poderá aplicar a comunicação não violenta e transformar a cultura corporativa interna. Também é importante se conscientizar para o tema do racismo estrutural e como promover um ambiente seguro para pessoas racializadas.