No âmbito da liderança feminina, expressões como ‘você está de TPM’, ‘não vai começar a chorar, hein?’ e ‘a maternidade atrasa a carreira’ ilustram os desafios enfrentados pelas mulheres no ambiente de trabalho.
Apesar dos avanços rumo à equidade de gênero, persiste uma barreira invisível que limita o avanço das mulheres nas carreiras. Essa limitação, baseada em estereótipos de gênero, as impede de alcançarem posições de liderança.
Além disso, crenças arraigadas como a ideia de que certas ocupações não são apropriadas para mulheres e a expectativa de que as mães priorizem os cuidados familiares, ainda persistem. Por isso é fundamental discutir esses temas como profissionais comprometidos com a igualdade.
Neste artigo, vamos abordar a presença das mulheres no mercado de trabalho e a importância de promover a liderança feminina nas empresas. Também vamos explorar maneiras práticas de incentivar essa mudança. Continue a leitura e descubra como você pode contribuir!
Mulheres e o mercado de trabalho
A presença das mulheres no mercado de trabalho aumentou a partir dos anos 50. No Brasil, na década de 70 – marco da Terceira Revolução Industrial – poucas mulheres trabalhavam, cerca de 18%. Já em 2002, a participação das mulheres no mercado de trabalho atingia os 50%, segundo o IBGE.
No entanto, ao analisarmos os salários de homens e mulheres com alto nível de educação, vemos uma disparidade e também a escassa presença de mulheres em posições de liderança nas empresas.
Embora as mulheres apresentem um melhor desempenho educacional (com mais anos de estudos, maior presença em todos os níveis de ensino e maior formação no ensino superior), suas rendas são menores que as dos homens e elas têm menos oportunidades em posições de liderança.
Também é importante destacar que as mulheres trabalham em média menos horas do que os homens, devido à dupla jornada que muitas enfrentam. Além disso, elas costumam trabalhar em setores com salários mais baixos, como saúde e educação.
Cargos de liderança: onde estão as mulheres?
Um estudo da Grant Thornton revela que, embora a proporção de mulheres em posições de liderança tenha alcançado 29% em 2019 a nível mundial, esse aumento ainda acontece de forma muito lenta.
O problema é especialmente grave quando abordamos também a questão racial. Olhando para o contexto brasileiro, uma pesquisa recente mostra que mulheres negras ocupam apenas 3% das posições de liderança nas empresas. O estudo, realizado pela Gestão Kairós, entrevistou 900 líderes dos níveis mais elevados de gerência. O resultado apontou que apenas 25% desses líderes são mulheres, e dentro desse grupo, somente 3% são mulheres negras.
Esses dados ressaltam a relevância de discutir não apenas a liderança feminina, mas também a liderança feminina negra. Recentemente, a B3 – a bolsa do Brasil, lançou um índice pioneiro, que combina indicadores de gênero e raça para avaliar empresas comprometidas com a representatividade. Essa iniciativa busca abordar de maneira interseccional questões relacionadas à diversidade e inclusão.
Ter uma perspectiva global e interseccional das questões sociais é crucial para lidas com as desigualdades em nosso país. As diferenças de gênero e raça estão profundamente arraigadas na estrutura da desigualdade social no Brasil, resultando em pobreza e exclusão.
Por isso, enfrentar esse problema é essencial para melhorar os empregos, alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e construir uma sociedade mais justa.
Vantagens de promover a liderança feminina
Incluir mais mulheres negras em cargos de liderança não só impulsiona a equidade, mas também beneficia a economia e sociedade. Estudos indicam que empresas com líderes de diferentes gêneros tendem a ser mais criativas e alcançar melhores resultados financeiros.
Além disso, ao valorizar as capacidades das mulheres – especialmente das mulheres negras – como líderes, quebramos estereótipos e impulsionamos mudanças positivas. Veja a seguir 5 vantagens de promover a liderança feminina nas empresas:
- Diversidade de perspectivas: mulheres trazem diferentes perspectivas e estilos de liderança, enriquecendo a tomada de decisões e estimulando a inovação;
- Liderança colaborativa: mulheres frequentemente trazem abordagens mais colaborativas e empáticas, promovendo uma liderança mais participativa e adaptável;
- Atração de talentos: empresas com liderança feminina são mais atraentes para profissionais que valorizam a diversidade e a inclusão;
- Sensibilidade a questões sociais: mulheres em cargos de liderança tendem a ter maior sensibilidade às questões sociais, resultando em estratégias mais éticas e sustentáveis;
- Boa comunicação: mulheres frequentemente possuem habilidades de comunicação interpessoal que facilitam a gestão de equipes e a resolução de conflitos.
5 formas de promover a liderança feminina na sua empresa
Agora que entendemos a importância e os benefícios de promover a liderança feminina nas empresas, vamos abordar como podemos fazer isso acontecer. A seguir, apresentaremos cinco maneiras de promover a liderança feminina nas empresas:
Ofereça mentorias
Crie programas de mentoria que conectem mulheres em ascensão a líderes experientes. Essa troca de ideias e compartilhamento de conhecimento permitirá um avanço progressivo.
Invista em treinamento e desenvolvimento
Invista em treinamentos e desenvolvimento para mulheres, focados em habilidades de liderança, comunicação, negociação e gestão de equipes.
Permita flexibilidade no trabalho
Estabeleça medidas para equilibrar trabalho e vida pessoal, como horários flexíveis e opções de trabalho remoto. Essas medidas auxiliam as mulheres que buscam equilibrar carreira e responsabilidades familiares.
Crie políticas de equidade de gênero
Defina metas claras de diversidade de gênero em todos os níveis da empresa. Além disso, ofereça treinamentos para o departamento de Recursos Humanos, orientando-os a evitar perguntas inadequadas como “Quem cuidará de seus filhos durante o trabalho?” ou “Você planeja ter filhos?”. Essas questões revelam vieses inconscientes e são desconfortáveis.
Fomente uma cultura inclusiva
Promova uma cultura organizacional inclusiva, que reconheça as contribuições de todas as pessoas e acolha as diversas perspectivas e visões de mundo.
Inclusão e diversidade como responsabilidade empresarial
A estrutura machista e desigual para mulheres ainda persiste. Além disso, a herança escravista contribui para a presença de racismo no mundo do trabalho. Essa junção de fatores é uma realidade cotidiana para mulheres negras, dificultando significativamente sua mobilidade social.
Promover a liderança feminina e ser uma empresa engajada em transformações sociais exige o reconhecimento da realidade brasileira como ponto de partida. Assumir responsabilidade empresarial vai além de reduzir impactos ambientais; também implica no fomento da diversidade e inclusão em todos os níveis.
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