Quando pensamos em ações de diversidade e inclusão nas empresas, o olhar, na maioria das vezes, se volta para o setor privado. Apesar disso, as empresas estatais também precisam agir em prol da inclusão. 

Diversos estudos já comprovaram o impacto da diversidade na produtividade das empresas. Em média, a cada 10% de aumento da diversidade étnico-racial há uma melhora de 4% na produtividade. Dessa forma, as empresas estatais têm muito a ganhar investindo na inclusão. 

Além disso, o fortalecimento da diversidade também demonstra a preocupação com o impacto social gerado pela empresa. Esse fator é central para organizações conectadas ao governo.

Neste artigo, você irá entender como a diversidade impacta as estatais, qual a importância de construir ações longevas e quais atitudes as empresas já têm tomado. Continue a leitura para saber mais. 

O cenário da diversidade nas empresas estatais

As 47 empresas estatais brasileiras contam com mais de 445 mil colaboradores e um faturamento de R$ 999 bilhões. Segundo o Relatório Agregado das Empresas Estatais Federais, as mulheres ocupam apenas 37% dos cargos. 

O relatório não apresenta o recorte étnico-racial do perfil dos colaboradores. Apesar disso, ao observar a distribuição desproporcional de gênero, é provável que o cenário racial seja similar. 

Essa constituição pode ser acentuada por diferentes fatores. Um deles são os processos complexos para efetivar as contratações. A falta ou dificuldade de organizar concursos públicos, por exemplo, é uma das barreiras para a entrada de talentos. Além disso, levantamentos mostram que o número de colaboradores das estatais tem diminuído nos últimos anos.

Ainda que existam dificuldades para transformar o cenário, as empresas estatais não podem ignorar a diversidade. É preciso estruturar e pensar medidas para que a inclusão se fortaleça nas organizações. 

A mudança nas empresas estatais deve ter longevidade 

Para que as ações de diversidade alcancem resultados efetivos, é preciso pensar em sua longevidade. 

As mudanças precisam ser feitas na estrutura das organizações. No caso das empresas estatais, as transições de governo podem modificar o direcionamento e decisões das empresas. Por isso, as políticas de diversidade devem ser pensadas para sobreviverem a essas flutuações. 

No relatório de recomendações para estatais, a OCDE recomendou mais diversidade nos conselhos das empresas brasileiras. Para o órgão, as estatais do país estão em desvantagem nesse aspecto, comparadas às organizações privadas. Isso significa que exista uma cobrança para que as estatais tomem mais atitudes em relação ao tema.

A presença de pessoas de grupos minorizados nos conselhos das empresas auxilia no fortalecimento das iniciativas de inclusão. Com o maior número de pessoas negras em cargos de alta gestão, será possível observar e defender as necessidades dos colaboradores. Ou seja, as ações criadas serão melhor construídas e mais efetivas. 

Olhar com seriedade para essas mudanças faz bem para as organizações e para a sociedade como um todo. Como falamos, a diversidade aumenta a produtividade das empresas. No caso das empresas estatais, mais ganhos significam mais recursos para o governo. E esses resultados podem ser diretamente revertidos para a população. 

Dessa forma, a valorização da diversidade dentro das estatais causa impactos positivos diretos para a sociedade brasileira. Seja por meio da geração de empregos ou do estímulo à economia, é preciso encontrar alternativas para que esse fortalecimento.

Iniciativas das empresas estatais para aumentar a inclusão 

Ainda que exista um caminho a ser percorrido, diferentes instituições já estão construindo ações de diversidade. Esses são alguns exemplos práticos de iniciativas construídas por empresas estatais. 

Banco do Brasil 

O banco mais antigo do país tem buscado fortalecer suas iniciativas em prol da inclusão. 

De acordo com a empresa, o aumento da diversidade traz mais criatividade, lucratividade e aumenta o bem-estar dos colaboradores. Por isso, a organização vem investindo para que mais talentos diversos integrem o quadro de funcionários. 

Em 2023 o banco passou a ser presidido por uma mulher, pela primeira vez. A organização olha para três pilares para construir as ações:

  • Equidade de gênero e raça,
  • LGBTQIAP+,
  • Pessoa com deficiência.

Portanto, as políticas são pensadas levando em conta esses grupos. Alguns dos resultados dessas ações foram o fortalecimento da liderança feminina, a formação do conselho de diversidade no banco e a inclusão do Banco do Brasil no índice de diversidade da B3.

Petrobras 

A Petrobras também tem dado passos em direção ao fortalecimento da diversidade. 

A estatal construiu uma política de diversidade e inclusão, que engloba um pacote de ações. Entre elas está a criação de metas e indicadores, organização de comitês e grupos de afinidade, além de ações educativas sobre o tema. 

Em 2023, a organização criou a gerência de diversidade, equidade e inclusão, firmando compromisso de criar um ambiente seguro para grupos minoritários.

Complementando essas ações, os concursos operam com reservas de vagas para pessoas negras.

Caixa

Assim como o Banco do Brasil, a Caixa também é presidida por uma mulher. 

O banco relançou em 2023 o programa de diversidade e inclusão. O foco é educar os colaboradores em seis eixos:

  • Equidade de gênero;
  • Mulheres na liderança;
  • Raça;
  • Gerações;
  • Pessoas com deficiência;
  • LGBTQIA+.

A participação do governo federal

Ainda que as ações das empresas estatais precisem ser independentes, a postura e atuação do governo federal também causa impactos. A discussão das pautas, fortalecimento de ações afirmativas e novas formas de avaliação das empresas são algumas ações que o governo pode tomar. 

A criação de grupos de trabalho, envolvendo colaboradores das estatais e governo, também é uma atitude interessante. O Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) de Enfrentamento ao Assédio e à Discriminação no Serviço Público Federal reuniu colaboradoras das estatais com representantes do Tribunal de Contas União (TCU). O objetivo era discutir medidas para barrar a discriminação.

Portanto, empresas estatais e governo federal podem construir ações conjuntas. Isso fortalece as iniciativas e ajuda que a inclusão se torne cada vez mais parte das organizações.

Trabalhamos para que o número de empresas que compreendem a importância da diversidade e inclusão continue crescendo. Se a sua empresa também quer assumir esse compromisso, conheça o trabalho da Singuê.