Para entender o que é reparação histórica e a importância da diversidade, pense nisso: você está prestes a participar de uma corrida, mas ela é diferente das corridas comuns.
Nela não se mede o quão rápido você pode correr, aqui você caminha um passo a cada vez que se identificar com uma situação. Se a resposta for não, se dá passo a frente. Se a resposta for sim, se dá passo atrás.
As situações são: durante a sua vida, morou em uma área de risco? Você estudou em escola pública? Já se sentiu discriminado em uma entrevista de emprego devido a sua raça? Precisou escolher entre carreira e ter filhos?
Se as perguntas forem essas, pessoas negras, indígenas, mulheres, entre outras pessoas pertencentes a grupos historicamente minorizados, provavelmente não ganharão essa corrida.
Esta dinâmica é conhecida como a caminhada do privilégio, e seu propósito é tornar as desigualdades e os privilégios sociais mais tangíveis.
Nesse artigo, continuaremos esse assunto falando sobre o que é reparação histórica e qual o papel das empresas na busca pela equidade.
Além disso, apresentaremos estratégias para promover a diversidade e a inclusão dentro das organizações. Continue a leitura e entenda como fazer parte da mudança!
O que é reparação histórica?
Reparação histórica é um conjunto de ações cujo objetivo é diminuir as injustiças que aconteceram no passado contra certos grupos sociais, e assim promover a igualdade e combater a discriminação.
No entanto, é importante destacar que isso não se limita a eventos históricos. As ações do passado se refletem no presente e afetam diretamente pessoas negras, indígenas, mulheres, LGBTQIAPN+, PCDs e outros grupos historicamente minorizados.
O Índice Folha de Equilíbrio Racial (Ifer), criado em parceria com o Núcleo de Estudos Raciais do Insper, revelou que, embora mais pessoas negras tenham obtido diplomas universitários na última década, a desigualdade racial persiste entre os 10% da população mais rica de cada estado brasileiro.
Essa redução da desigualdade no acesso e na continuidade do ensino superior se deve principalmente à implementação da chamada Lei de Cotas e aos programas de apoio à permanência estudantil, que auxiliam os estudantes de baixa renda a se manterem na faculdade.
No entanto, quando a população negra chega ao mercado de trabalho, ela se depara novamente com a falta de oportunidades, o estigma e a discriminação racial. Nesse sentido, é urgente promover mudanças também no âmbito profissional.
Por que a reparação histórica é importante nas empresas?
A desigualdade racial persiste no mercado de trabalho brasileiro. Embora a população negra constitua a maior parcela da força de trabalho no Brasil, as estatísticas mostram que ela têm mais desemprego e salários mais baixos.
Segundo pesquisa do IBGE, em 2021, o rendimento mensal de pessoas brancas foi, em média, 70% superior ao de pessoas pretas e pardas. Apesar disso, estudos já comprovaram que investir em diversidade traz vantagens competitivas para as empresas.
É importante entender que a inclusão é benéfica não apenas para indivíduos, mas para todo um ecossistema social que precisa cada vez mais de inovação, novas perspectivas e adequação ao um mercado em constante evolução.
Portanto, existem duas razões principais para adotar políticas de reparação histórica: ética e economia. Isso ocorre porque as empresas desempenham papéis tanto econômicos quanto sociais, influenciando as comunidades onde atuam.
Estratégias para promover a reparação histórica nas empresas
Ação afirmativa não se limita às reservas de vagas em processos seletivos, mas inclui diversas estratégias. Nas empresas, podemos adotar diferentes abordagens para promover reparação histórica. A seguir, apresentamos algumas delas:
Treinamento em diversidade e inclusão
Os treinamentos em diversidade e inclusão têm o objetivo de conscientizar os colaboradores sobre questões relacionadas à diversidade, como raça, orientação sexual, deficiência, diversidade de gênero e outros aspectos.
Esses treinamentos reduzem preconceitos, promovem uma cultura inclusiva, e também melhoram a produtividade, retenção de talentos e a reputação da empresa.
Programas de desenvolvimento
Programas de desenvolvimento são iniciativas que proporcionam orientação, capacitação e oportunidades de crescimento aos colaboradores. Elas podem abranger áreas como liderança e gestão.
Uma boa estratégia são os programas de desenvolvimento de lideranças específicos para grupos minorizados. Esses programas não apenas ajudam os colaboradores a desenvolverem suas competências, mas também podem abrir caminhos para o progresso profissional.
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É essencial buscar candidatos com diferentes características e origens. Isso envolve expandir as formas de recrutamento, pois nossas conexões profissionais frequentemente estão dentro de grupos já estabelecidos.
Para atingir esse objetivo, é possível utilizar quadros de empregos em várias localidades e grupos demográficos, visando recrutar candidatos de diversas etnias, orientações sexuais, gêneros e nacionalidades.
Assegurar uma cultura inclusiva
Para construir uma cultura organizacional inclusiva, é essencial promover a diversidade em todos os níveis hierárquicos e estar aberto ao diálogo com os colaboradores.
Além disso, estabelecer políticas que desencorajem a discriminação é crucial para criar um ambiente acolhedor, onde os colaboradores de grupos minorizados se sintam seguros para denunciar problemas caso eles ocorram.
Avaliação e monitoramento
Usando métricas e indicadores, as empresas podem avaliar o desenvolvimento de suas políticas de inclusão, perceber os problemas e fazer mudanças quando preciso.
Também é importante acompanhar regularmente as ações de gestão da diversidade e inclusão. O feedback dos funcionários é valioso para encontrar problemas e maneiras de melhorar constantemente.
Reparação histórica na prática
Buscar diminuir as injustiças que ocorreram no passado e reverberam até os dias atuais é um passo importante para tornar a sociedade e o mundo do trabalho mais justo para todos.
Por isso, é importante se manter informado sobre a história do Brasil e sobre os dados mais recentes a respeito de diversidade, equidade e inclusão nas organizações.
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