O termo teto de vidro foi cunhado por Marilyn Loden em 1978, durante uma apresentação nos Estados Unidos, para simbolizar os obstáculos que as mulheres enfrentam no ambiente de trabalho ao buscar alcançar os níveis mais altos de hierarquia nas organizações.

Essas barreiras, embora sutis, estão enraizadas na cultura da sociedade e são poderosas o suficiente para prejudicar a crescimento profissional das mulheres. O mesmo conceito pode ser aplicado quando pensando em outros grupos historicamente minorizados, como pessoas negras, PCDs e LGBTQIAPN+. 

As dificuldades são variadas, como a discriminação de gênero, diferença salarial e ausência de políticas inclusivas. Isso é uma realidade para muitos grupos sociais que precisam se esforçar ainda mais para alcançar seu lugar no mundo profissional.

Neste artigo, iremos explorar as causas desse problema, suas consequências e como reduzir essa disparidade em sua empresa. Continue lendo para aprender como apoiar grupos minorizados e ser uma pessoa aliada na busca por igualdade!

Causas do teto de vidro

O teto de vidro tem origem sociais e culturais que podem ser divididas em duas categorias: individual e organizacional. No nível individual, estão as responsabilidades domésticas e a falta de autoconfiança. Já no nível organizacional, se destacam os estereótipos de gênero e a estrutura social.

É essencial compreender que o nível individual envolve não apenas habilidades, mas também a cultura. De acordo com a pesquisa O que as mulheres querem, da Kantar, 13% das mulheres têm baixa autoestima, em contraste com 9% dos homens.

Essa situação vem da pouca autonomia financeira, falta de representatividade e baixo incentivo para expressão de ideias. Por isso, é fundamental que no âmbito das organizações as mulheres busquem fortalecimento pessoal e que as empresas ofereçam suporte para esse processo.

Além disso, compreender esse fenômeno é essencial para ser capaz de entender o que mantém essa estrutura e como romper com ela, proporcionando maior igualdade de gênero nas empresas e na sociedade.

Efeitos do teto de vidro

Estereótipos enraizados na sociedade fazem com que as mulheres sejam consideradas inferiores ou menos capazes. Quando consideramos as interseccionalidades, os impactos se amplificam para mulheres negras, trans, 50+, entre outros marcadores sociais.

Segundo uma pesquisa da FGV, a taxa de desemprego entre as mulheres negras tem sido significativamente mais alta do que a de outros grupos. No primeiro trimestre de 2021, 22,1% das mulheres negras estavam desempregadas, o que é o dobro da taxa de desemprego entre os homens brancos/amarelos, 10,0%. 

Dados revelam não apenas a desigualdade de gênero e raça no mercado de trabalho, mas também sua influência direta na economia. Uma pesquisa mostrou que a redução da disparidade salarial de gênero poderia impulsionar a economia mundial em cerca de 7%.

No contexto brasileiro, estatísticas indicam que as mulheres faturam pouco mais de 75% do rendimento dos homens. Isso significa que, se um homem ganha R$2.500, uma mulher no mesmo cargo recebe R$2.000.

Por isso, é urgente desmistificar os papéis tradicionalmente atribuídos ao feminino e apoiar ativamente do sucesso profissional delas, promovendo políticas inclusivas, educando sobre o sexismo e garantindo que todas as vozes tenham espaço na tomada de decisões.

Caminhos para quebrar o ciclo de desigualdade de gênero

Para promover a igualdade de gênero, é fundamental ser um aliado ativo e apoiar as mulheres. Com esse propósito, apresentamos a seguir cinco ações para superar o obstáculo conhecido como teto de vidro: 

1. Inclua políticas contra o assédio

Para fomentar a equidade de gênero, é essencial adotar políticas que combatam o assédio, estabelecendo canais de denúncia anônima e promovendo uma cultura organizacional de respeito e inclusão.

Além disso, é de extrema importância que existam códigos de ética e que eles sejam documentados por escrito. Listando os comportamentos e atitudes esperados, bem como aqueles que não serão aceitos. 

2. Ofereça mentorias e treinamentos

Para promover a ascensão de mais mulheres a cargos de liderança, é crucial investir em desenvolvimento profissional. Oferecer mentorias, treinamentos e coaching desempenha um papel significativo nessa capacitação.

Os treinamentos podem abranger competências de gestão, inteligência emocional e conhecimento técnico. Já a mentoria, realizada com colegas internos ou consultores externos, ajuda no planejamento e alcance das metas profissionais.

3. Promova uma cultura de diversidade 

É essencial criar uma cultura empresarial que seja acolhedora para as mulheres em toda a sua diversidade. Um estudo da Universidade de George Washington mostrou que as mulheres são interrompidas duas vezes mais do que os homens em conversas. 

Além disso, é comum que os homens assumam a autoria de ideias que foram previamente apresentadas por mulheres da equipe, sem dar o devido crédito. 

Portanto, é fundamental abordar essas questões e trabalhar em direção a espaços de comunicação onde todos sejam ouvidos e valorizados de forma igualitária.

4. Apoie colaboradores em início de carreira

Se as mulheres não contarem com apoio e boas oportunidades desde o início de suas carreiras, suas chances de alcançar posições de destaque serão mais baixas. É preciso reconhecer o potencial dos novos talentos e impulsioná-los ao crescimento. 

Promover um ambiente de apoio genuíno em todos os níveis da organização não só beneficiará a empresa como um todo, mas também fará da inovação um aspecto central em todas as equipes.

5. Tenha um programa de equidade salarial

Para garantir a igualdade de salários, as empresas precisam fazer análises regulares para verificar se existem diferenças nos salários com base no gênero e em outros fatores, como raça. Se houver diferenças, ajustes devem ser feitos para garantir igualdade.

Outra estratégia eficaz é ser transparente sobre os salários e benefícios. Isso significa compartilhar informações de forma aberta para identificar possíveis desigualdades salariais. 

Transformando o futuro

É importante que as empresas apoiem e ajudem mulheres e pessoas de outros grupos historicamente minorizado a se desenvolverem, para que possam ocupar cargos de chefia e terem mais representatividade dentro das empresas.

Isso é crucial não apenas para as mulheres, que muitas vezes não têm as mesmas oportunidades, mas também para a sociedade e para as empresas, que se beneficiam da diversidade de ideias e perspectivas.

Se você quiser aprender mais sobre como promover a liderança feminina em sua empresa, leia o artigo chamado 5 formas de apoiar a liderança feminina na sua empresa.