Prova disso é que pesquisas realizadas pela McKinsey&Company Why diversity matters (2015) e Delivering through diversity (2018) trouxeram uma série de dados comprovando que as iniciativas DEI estão relacionadas com o desempenho financeiro das organizações.

A primeira pesquisa, realizada com dados de 2014, mostrou que empresas do quartil superior que contavam com políticas de Diversidade e Inclusão tinham 15% mais chances de obter lucratividade acima da média. Já na pesquisa de 2018, utilizando os dados de 2017, esse número saltou para 21%.

No entanto, embora os números sejam expressivos, as políticas de diversidade, equidade e inclusão nas empresas crescem de forma lenta. Primeiro porque essas iniciativas são colocadas em prática a partir de um viés social. O segundo motivo é o fato das organizações não enxergarem as políticas de DEI como vantagem competitiva, além de ficarem em dúvidas de como dar o primeiro passo.

Afinal, o que pode proporcionar um progresso real utilizando políticas de DEI?

Em 2020, a McKinsey&Company publicou outra pesquisa atualizando os dados dos relatórios de 2015 e 2018. Dessa vez, os números foram coletados em 15 países e mais de 1.000 grandes corporações, fechando assim uma série histórica de 5 anos.

Essa atualização só comprova que diversidade de gênero, ética e cultural, sobretudo nas lideranças, expandem as oportunidades das empresas se tornarem ainda mais lucrativas.

O artigo Diversity wins: How inclusion matters destaca ainda que, por mais que os dados tenham sido coletados antes da pandemia causada pelo coronavírus, as políticas de diversidade, equidade e inclusão se tornaram ainda mais importantes devido aos impactos econômicos e sociais ao redor do globo.

Contudo, a pesquisa ressalta que, as empresas que investem com força nas políticas de diversidade e inclusão vem conseguindo resultados expressivos:

  • Diversidade de gênero: de 2014 revela uma lucratividade de +15% ; em 2017 o percentual foi de +21% e em 2019 +25%.
  • Diversidade étnica e cultural: de 2014 a lucratividade foi +35%; em 2017 passou para +33% e em 2019 +36%.

Até aqui já deu para perceber que os conceitos de diversidade, equidade e inclusão andam juntos. Não é possível pensar em diversidade sem se preocupar com a permanência e engajamento desses talentos nas empresas. Tampouco não pensar na representatividade feminina nos cargos de decisão.

Quer entender as diferenças entre diversidade, equidade e inclusão? Continue a leitura do artigo!

Diversidade, equidade e inclusão: qual a diferença e por que são importantes?

Diversidade refere-se a qualquer característica que diferencie um indivíduo de outro, incluindo todo o espectro das diferenças demográficas humanas, bem como as diferenças de ideias, experiências e opiniões que as pessoas trazem.

Por sua vez, a equidade é o tratamento justo para todos e todas. Além disso, a equidade também trata dos esforços para identificar e eliminar as desigualdades e barreiras. Ou seja, ações para extinguir disparidades e desproporcionalidades.

Já a inclusão é o sentimento cultural e ambiente de pertencimento que possibilita a sensação de singularidade. Representa o quanto as pessoas se sentem valorizadas, respeitadas e encorajadas a participar plenamente, seja no ambiente corporativo, acadêmico e até mesmo familiar.  Afinal, é essa sensação que possibilitam que as pessoas sejam autênticas e protagonistas da sua própria história.

Os conceitos de diversidade, equidade e inclusão são importantes à medida que funcionam como pilares fundamentais para a organização e o avanço da sociedade.

E como as políticas de DEI funcionam no ambiente de trabalho?

Diversidade no ambiente de trabalho é poder desenvolver uma cultura organizacional onde haja compreensão, acolhimento e valorização das diferenças entre os funcionários.

Diferenças: raciais, étnicas, de gênero, religião, capacidade física e intelectual, orientação sexual. Como também diferenças na esfera socioeconômica: educação, condição financeira e habilidades.

Ao passo que a inclusão significa desenvolver meios e práticas que possibilitem a participação, contribuição e permanência igual para todos e todas. O objetivo das medidas é proporcionar um lugar que ofereça apoio, suporte, aceitação e respeito aos talentos da empresa.

Impedindo, por exemplo, a ocorrência de falas e comportamentos racistas; desvalorização do trabalho com justificativas sexistas, restrição acerca da aparência, entre outros.

Introduzir políticas de diversidade, equidade e inclusão nas empresas é importante na medida em que o número de pessoas não-brancas, mulheres, pessoas PCD e os grupos minorizados contam com baixa proporcionalidade nas organizações.

Ainda segundo o estudo feito pela McKinsey&Company, “Por que a diversidade é importante”, na América Latina, somente 11% dos cargos executivos são ocupados por mulheres.

A diferença entre diversidade e inclusão no ambiente de trabalho:

  • a diversidade diz respeito somente as diferentes características de cada indivíduo;
  • a equidade garante que todas as pessoas, independente de suas características e diferenças, tenham o mesmo acesso e oportunidade, alem de, claro, eliminar barreiras que impedem a participação de um grupo ou outro nas ações corporativas;
  • a inclusão trata da ação afirmativa em garantir que todos tenham oportunidades iguais.

Os três conceitos devem andar lado a lado para que as políticas de diversidade, equidade e inclusão sejam efetivas. E possam resultar no crescimento e desenvolvimento da empresa. Afinal, a diversidade sozinha não garante inclusão.

Ou seja, mesmo havendo diversidade no corpo da empresa, a não criação de medidas e práticas efetivas que assegurem igualdade, permanência e transparência faz com que a organização arrisque perder todo o benefício criativo e inovador de uma equipe com equidade de raça, gênero e classe.

Diversidade sem inclusão não confere sucesso

A McKinsey&Company mostra que, apesar das empresas pesquisadas apresentarem um crescimento positivo em +52% na diversidade, as ações afirmativas de inclusão são negativas, apresentando um percentual de – 61%.

Ademais, alcançar a diversidade sem inclusão pode gerar certos riscos para as empresas. Como, por exemplo, um falso senso de segurança por acreditar que, ao proporcionar diversidade de maneira sem ações afirmativas, está configurando avanços.

Tokenismo, quando há apenas uma inclusão física (um tanto numérica), mas não há mudança na estrutura e cultura organizacional da empresa; fazendo com que a pessoa não simbolize poder algum.

De que modo as políticas de diversidade, equidade e inclusão impactam no sucesso das empresas?

Proporcionar um ambiente de igualdade, respeito e acolhimento são elementos-chave para retenção de talentos e entregas com mais qualidade. Fatores esses que refletem positivamente nas finanças e até mesmo na experiência dos clientes e das clientes finais.

Como falamos ao longo do texto, empresas que apostam nas políticas de diversidade, equidade e inclusão apresentam maiores chances de obter desempenho financeiro superior aos de empresas que não adotam as mesmas políticas.

Outro fator que também se fortalece por meio de políticas de DEI é a relação entre a liderança e sua equipe, por meio de diálogos honestos e com constantes feedbacks. Para a cultura organizacional, além de fortalecer a visão e os valores da empresa, também aumenta o senso de pertencimento, a accountability e melhora o trabalho em equipe.

Todos esses fatores juntos são essenciais para fomentar o pensamento criativo que funciona como a engrenagem central para a inovação nas organizações. Por fim, a qualidade de execução e produção das equipes também contam com aumentos expressivos em:

  • os talentos sentem mais propensos a querer trabalhar;
  • se sentem mais orgulhosos e felizes com o trabalho desenvolvimento;
  • a retenção na empresa aumenta.

Em comparação aos colaboradores e colaboradoras de empresas que não contam com políticas de diversidade e inclusão, aqueles que trabalham em um ambiente igualitário e diverso, revelaram ter 152% mais liberdade para expor novas maneiras de executar tarefas.

5 dicas para iniciar as ações de diversidade, equidade e inclusão em sua empresa

1. Entenda o momento que a sua empresa se encontra

Primeiramente é necessário criar consciência e compreender os preconceitos presentes no contexto em que a empresa e seus talentos estão inseridos.

Dessa forma, é fundamental que as lideranças possam abordar as temáticas de racismo, machismo, homofobia, PCD entre outros tipos de preconceitos e a partir disso criar um diagnóstico buscando dados que permitam executar ações de contingência.

As ações devem começar a ser pensadas para necessidades de curto prazo e, então, serem desenvolvidas – de maneira assertiva – estratégias que contemplem objetivos de médio e longo prazo. O ponto é garantir a sustentação das medidas e com isso o rearranjo na cultura da empresa.

2. Pense na possibilidade de contratar uma consultoria em equidade

Muitas empresas têm contratado consultorias para acelerar o processo de inserção das políticas de diversidade, equidade e inclusão. As consultorias auxiliam as empresas na construção desse diagnóstico, estabelecendo um canal de diálogos e trocas entre tomadores e tomadoras de decisão, lideranças e os talentos das organizações. Além de oferecer total sigilo dos dados da equipe.

Com o apoio de consultorias, as empresas conseguem entender melhor o panorama do ambiente de trabalho e os pontos enfraquecidos de suas práticas. Proporcionando assim, um entendimento mais aprofundado do contexto de diversidade e inclusão para a aplicação das estratégias.

3. O departamento de pessoas é fundamental nas políticas de DEI

O setor de Recursos Humanos (RH) confere um papel fundamental para a mudança de cultura na empresa. A gestão de RH é quem conecta e contextualiza os dados e dinâmicas psicológicas e sociais, norteando a discussão de estratégia de diversidade na empresa, trazendo um caráter mais humanizado para construção de uma cultura organizacional forte.

4. Invista em treinamentos

Outra ação fundamental é desenvolver programas de treinamento estratégico. Oferecer treinamento aos colaboradores e colaboradas acerca da diversidade e inclusão possibilitará uma maior compreensão sobre como as diferenças culturais podem afetar o ambiente de trabalho.

O objetivo aqui é fazer com que as equipes além de se identificarem com a temática, entendam a importância para o melhor desenvolvimento do seu trabalho.

Porém, é aconselhável que as razões dos programas sejam comunicadas pelas lideranças e que o treinamento seja opcional. Uma intervenção obrigatória pode resultar em respostas negativas por parte da equipe.

5. Fomente grupos de afinidades

Grupos de afinidades ou diversidade podem ser peças-chave para construir políticas de diversidade, equidade e inclusão fortes. Esses grupos se conectam por semelhanças como raça e etnia, gênero, comunidade LGBTQIA+, PCDs entre outros.

Os grupos de afinidades costumam realizar encontros nas organizações para compartilhar experiências, conhecimento, além de pensar em ações de equidade e inclusão na empresa.

[Bônus] Outras ações-chave para o sucesso da implementação de políticas de DEI

  • garantir uma representação de diversidade de talentos;
  • fortalecer a liderança e responsabilidade para ações DEI;
  • proporcionar oportunidades iguais e transparentes;
  • promover abertura e enfrentamento de ações discriminatórias;
  • adotar medidas de pertencimento por meio de apoio a diversidade.

Algumas empresas que tiveram sucesso nas ações de diversidade e inclusão

Magazine Luiza

As lojas Magazine Luiza é um dos maiores exemplos de case de sucesso brasileiro no que se refere às políticas de diversidade e inclusão. Em 2020, a empresa ficou conhecida pela sua ação em desenvolver um programa de trainee exclusivo para pessoas negras.

A atitude foi reconhecida pelo Ministério Público de São Paulo como uma ação afirmativa de reparação histórica. Em um país, como o Brasil, marcado por um forte racismo estrutural, diferente do que muitos escreveram nas redes sociais, a Magazine Luiza não foi discriminatória.

O movimento foi de inserção de políticas DEI. Até então, a empresa contava com um quadro de talentos com 53% de pessoas pretas e pardas, mas apenas 16% delas estavam em cargos de decisão.

NuBank

O NuBank é uma fintech brasileira que transformou um gerenciamento de crise em oportunidade de criar novas políticas de diversidade e inclusão e fortalecer a sua cultura organizacional.

Depois de uma frase de Cristina Junqueira que repercutiu negativamente nas redes sociais, a empresa publicou o artigo O NuBank errou, conversou com a comunidade negra, ouviu especialistas e publicou um novo compromisso com a diversidade racial na empresa.

Desde lá, a fintech criou um banco de talentos exclusivo para pessoas negras, firmou parceria com o Reprograma – uma iniciativa social focada em ensinar programação para mulheres negras, aumentou o quadro de colaboradores e colaboradas negras em 155% e criou o Semente preta, o fundo de investimento para fomentar negócios de afroempreendedores e afroempreendedoras.

Natura

A Natura apresenta 70% do seu corpo de cientistas do Centro de inovação da companhia de mulheres. Os cargos de executivo e conselheiros possuem 31% de presença feminina. A Natura é um exemplo de sucesso na América Latina, compondo, em 2020, uma receita líquida de R$37 bilhões de reais e com mais de 50% dos cargos de liderança constituídos por mulheres.

E você, como andam as políticas de diversidade, equidade e inclusão na sua empresa? Compartilhe sua experiência conosco nos comentários!