Além de respeitar as leis, empresas inclusivas precisam construir um ambiente de trabalho que seja realmente acolhedor às demandas de profissionais com deficiência. Assim, seu negócio vai mostrar que está realmente preocupado com as demandas da sociedade e que se importa com todos que trabalham ali.

Para te ajudar, vamos explicar neste post por que a inclusão de PCDs é importante, como funcionam as leis sobre o assunto e daremos dicas para construir um espaço mais inclusivo. Continue lendo e entenda!

O mercado de trabalho para PCDs

Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 17,3 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência no país. O número corresponde a cerca de 8% da população total.

Falta de acesso

A pesquisa mostra que a participação de PCDs no mercado de trabalho ainda está longe de ser igualitária. De acordo com o IBGE, somente 28,3% das pessoas com deficiência em idade para trabalhar estão empregadas. Enquanto isso, entre as pessoas sem deficiência esse número sobe para 66,3%.

O problema também aparece no acesso à educação. Hoje, 68% das pessoas com deficiência não têm instrução ou possuem o ensino fundamental incompleto, enquanto o número é de 30,9% na população sem deficiência.

Despreparo das empresas

Outra pesquisa, feita com mais de 1.459 profissionais de Recursos Humanos, mostrou que essa exclusão acontece, em boa medida, por causa do despreparo das empresas em lidar com a deficiência. Entre os entrevistados, 59% afirmou que os gestores possuem resistência para entrevistar ou contratar PCDs, por exemplo.

Além disso, a falta de acessibilidade e a abordagem equivocada nos processos seletivos também afeta de forma grave as pessoas com deficiência. Em um estudo do Governo de São Paulo, cerca de 20% de PCDs afirmaram que as empresas não as vêem como profissionais em potencial, dando pouco foco para suas habilidades. No mesmo sentido, outras 18% relatam que as empresas não possuem acessibilidade ou que os entrevistadores são despreparados.

Poucas vagas ocupadas

Mas em paralelo a tudo isso, estamos vendo que a participação de pessoas com deficiência no mercado de trabalho cresceu nas últimas décadas, mesmo ainda sendo insuficiente. Em 2003, por exemplo, PCDs ocupavam apenas 18,7% das vagas reservadas para esse grupo. Já em 2018, o número passou para 50,6%. Esse dado mostra que estamos avançando, mesmo que lentamente.

Todos esses números demonstram a importância de pensar a inclusão de pessoas com deficiência nas empresas. Afinal, temos milhares de pessoas a quem seus direitos são negados. Portanto, uma organização justa precisa garantir o devido espaço para esse grupo entre os seus colaboradores.

Quais leis regulamentam a inclusão de PCDs

Empresas que pretendem apostar em diversidade e inclusão precisam conhecer a legislação que garante os direitos de PCDs. Afinal, um longo caminho de luta foi traçado para que esses direitos fossem garantidos.

Desde 1991 existe a lei nº 8.213, que no Artigo 89 obriga a contratação de pessoas com deficiência em empresas com mais de 100 funcionários. De acordo com a legislação, a proporção mínima de PCDs ou reabilitadas pelo INSS nas empresas deve ser:

I – de 100 até 200 empregados – 2%;

II – de 201 a 500 – 3%;

III – de 501 a 1.000 – 4%;

IV – de 1.001 em diante – 5%.

Contudo, a lei só passou a vigorar e ser fiscalizada, de fato, a partir dos anos 2000, após uma série de regulamentações. Isso atrasou a inclusão de PCDs no mercado de trabalho, mas representou um avanço significativo.

Recentemente, a aprovação da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência,em 2015, foi outro marco. A legislação determina que todas as instituições, públicas ou privadas, devem garantir ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos. Além de proibir qualquer discriminação, seja nas etapas de recrutamento, seleção, contratação, admissão e permanência no emprego de PCDs.

Como promover a inclusão de PCDs

No entanto, não basta seguir a lei para promover um ambiente de trabalho igualitário e livre de discriminação. Há muitas queixas, inclusive, de pessoas com deficiência que se sentem diminuídas em seus locais de trabalho porque acreditam que estão ali apenas para cumprir uma cota numérica. Isso significa que não basta anunciar vagas exclusivas ou contratar apenas alguns profissionais, sem um preparo prévio. É importante que a empresa esteja dedicada a acolher esses funcionários, valorizando suas habilidades e suas contribuições para a organização. A seguir, listamos algumas dicas para fazer isso!

Entenda onde estão os obstáculos

Em primeiro lugar, sua empresa precisa entender quais são os principais obstáculos para a contratação e a inclusão de PCDs. Além das dificuldades materiais de acessibilidade, o engajamento dos gestores e de toda equipe pode ser uma dificuldade.

Nesse sentido, você pode produzir uma pesquisa para entender como os times enxergam a contratação de PCDs hoje, por exemplo. Assim, será capaz de identificar se existe resistência entre os recrutadores ou até mesmo entre as lideranças. Com esses gargalos identificados, vai ficar mais fácil partir para a próxima etapa: a conscientização.

Eduque seus colaboradores

A educação de toda a equipe é outro passo fundamental para promover um ambiente de trabalho realmente inclusivo. É importante trabalhar para conscientizar todos os profissionais da empresa contra comentários, ações e termos preconceituosos.

Contudo, preste atenção. A educação em diversidade e inclusão não pode ser apenas uma ação pontual. São necessários treinamentos constantes e acompanhamento por parte do time de recursos humanos para garantir que esses atributos façam parte da cultura organizacional.

Falando nisso, vale lembrar: o termo usado hoje em dia é “pessoas com deficiência”. Nada de “deficientes” ou “portadores de necessidades especiais”. Essas são expressões ultrapassadas, que não refletem os entendimentos atuais sobre deficiência.

Pense na acessibilidade

O mapeamento de ações para construir uma empresa inclusiva deve pensar também na acessibilidade do ambiente de trabalho. Na estrutura física do escritório, por exemplo, você deve conferir escadas, degraus, largura das portas, acessibilidade nos banheiros, sinalização, entre outros.

Atualmente, a Norma Técnica Brasileira número 9050 (NBR-9050) é o documento que orienta sobre a acessibilidade no país. Não tenha medo de consultá-la sempre que necessário.

Além disso, é importante verificar se as ferramentas de trabalho são acessíveis para os diferentes tipos de deficiência, inclusive as digitais. Busque formas de corrigir possíveis problemas ou adaptar aquilo que não puder ser alterado totalmente. O importante é garantir que a pessoa com deficiência tenha condições de trabalhar em um ambiente adequado para que ela demonstre todas as suas habilidades.

Faça adaptações nos processos seletivos

Os processos seletivos também são formas importantes de promover a inclusão. Afinal, estamos falando da porta de entrada para os novos profissionais.

Por isso, não adianta apenas anunciar vagas exclusivas para PCDs, ainda que isso seja muito importante. Também é fundamental que todos os processos seletivos sejam acessíveis para pessoas com deficiência, sempre que possível.

Não tenha medo de fazer perguntas sobre a deficiência, com naturalidade e delicadeza, é claro. É importante que os candidatos saibam que a empresa está preocupada em fazer as adaptações necessárias em testes ou entrevistas.

Se um profissional surdo, por exemplo, irá passar por entrevista, é importante que a empresa esteja ciente para contratar um intérprete. A mesma coisa se um profissional cego for fazer um teste online que exija ajustes para funcionar com os leitores de tela.

Ofereça um plano de carreira

Como você viu, muitos profissionais com deficiência ainda sentem que não são realmente aceitos dentro de suas equipes. Há quem pense que foi contratado apenas para preencher um número e não porque a empresa realmente confia no seu potencial. Para mudar isso, é muito importante oferecer um plano de carreira atrativo e promover o desenvolvimento individual de cada profissional.

Incentive os supervisores e gestores a fazerem um acompanhamento próximo, deixando claro o que é esperado daquela função e como o funcionário pode evoluir na empresa. Tudo isso vai construir uma experiência muito mais gratificante e satisfatória para toda a equipe.

E se você quiser saber outras dicas para construir a inclusão de PCDs no ambiente de trabalho, acesse nosso artigo sobre o que é diversidade e saiba como avançar ainda mais!