O racismo ambiental é um dos inúmeros reflexos do racismo estrutural e está diretamente ligado às pessoas marginalizadas pelo Estado.

Quer entender melhor o que é o racismo ambiental, quem ele afeta e quais são as suas consequências? Continue lendo o nosso texto!

Como esse termo surgiu

O racismo ambiental está além de uma crise sanitária e humanitária, ele está interligado à interseccionalidade dos indivíduos. É através da análise da interseccionalidade que se entende os sistemas de opressão e seus impactos em pessoas de gênero, raça, classe e sexualidade diferentes, por exemplo.

Para entender como o termo surgiu, vamos fazer uma viagem no tempo, mais precisamente aos anos 80. Nessa época,os direitos civis nos Estados Unidos estavam ganhando força através de movimentos, como os Panteras Negras, e ativistas, como Benjamin Chavis.

Este militante cunhou o termo na época ao ter observado que pessoas negras eram mais vulneráveis a fenômenos ambientais e excluídas de tomadas de decisão que eram diretamente ligadas às comunidades negras e pobres dos Estados Unidos.

Quais são os impactos dos desastres ambientais na vida de pessoas negras e povos indígenas?

O garimpo e as não-demarcações em Terras Indígenas são a ponta do iceberg para problemas estruturais do dia a dia, como a falta de saneamento básico, as fortes enchentes que destroem vidas e causam doenças, acesso à água limpa, entre outros.

Quem enfrenta esses problemas são pessoas indígenas e pessoas negras, que ocupam espaços marginalizados e esquecidos pelo Estado.

Inclusive, a última Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizada em Glasgow, na Escócia, no ano de 2021, escancarou o racismo ambiental do Estado brasileiro e trouxe uma nova forma de debate sobre racismo estrutural e seus impactos. De um lado, o governo brasileiro e seus representantes oficiais expuseram dados e fatos inverídicos sobre as questões socioambientais.

Enquanto isso, movimentos sociais formados por pessoas negras e pessoas indígenas denunciaram o racismo ambiental que estamos enfrentando.

A saúde dos mais pobres e negligenciados foi tema não só na COP 26, mas em todos os portais de notícias que denunciavam um governo anti-ambiental e racista. Foi na COP 26 que lideranças e representantes mostraram para o mundo como a saúde de seus povos estava prejudicada.

Seja em contexto urbano, rural, quilombola, ribeirinhos e povos tradicionais diversos, o racismo ambiental tem cor e classe. Entenda melhor quem ele afeta abaixo!

O racismo ambiental tem cor e classe

Ao serem colocadas em lugares sem estruturas dignas de moradia e nenhuma qualidade de vida, as pessoas estão mais suscetíveis a diversos problemas sociais.

Consequentemente, isso afeta a sua saúde mental, física e a qualidade de vida dessas pessoas. E quem está nesses lugares, em sua maioria, são pessoas não-brancas.

Na contramão dessas estruturas racistas, vemos o crescimento de pessoas negras e pessoas indígenas retomando e potencializando esses espaços para dar visibilidade a um problema que o Estado criou.

Esses movimentos apontam o dever do Estado de criar políticas públicas para que essas pessoas possam ter qualidade de vida, e para que elas possam tomar decisões sobre seus territórios. Além disso, eles demandam ter uma participação social, ativa e efetiva na condução dessas políticas públicas.

Afinal, quem seria melhor para falar sobre racismo ambiental do que as próprias pessoas que são afetadas por ele?

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Texto por Ywanna Cerqueira Moreira

Ywanna é várias em uma, mas em todas as suas versões ela tem o mesmo objetivo: compartilhar. Compartilhar conhecimento, sensações, estímulos. Seja por meio da sua escrita, da mixagem, das aulas de autodefesa, das produções, ela está sempre se aprofundando e dividindo um pouco dela.”