Não basta desenvolver treinamentos e ações externas. Sua organização só vai conseguir colher todos os benefícios de um time diverso quando, efetivamente, melhorar a representatividade na empresa. Isso não é algo que acontece do dia para a noite, obviamente.
No entanto, algumas ações e mudanças na cultura organizacional podem ajudar. Neste artigo, vamos explicar o que é recrutamento inclusivo, por que é importante e como começar a implementá-lo. Leia a seguir e veja como sua empresa vai se beneficiar disso!
O que é
Aqui no blog, já explicamos o que é diversidade e por que ela é tão importante. Mas vale a pena recapitular. De forma resumida, definimos como um movimento que busca incluir pessoas de diferentes grupos sociais como gênero, raça, etnia, religião, sexualidade, deficiência e origem geográfica, entre outros. Não apenas numericamente, mas de forma que elas se sintam acolhidas e parte dos espaços.
A partir disso, podemos dizer que o recrutamento inclusivo significa garantir oportunidades iguais para todos os profissionais que se candidatarem, oferecendo acessibilidade e acolhimento.
Mais para frente, vamos mostrar como fazer isso. Mas agora, vamos ver por que é tão importante garantir essas condições.
Sua importância
Os processos seletivos são a porta de entrada para as empresas. Isso significa que a chegada de profissionais diversos depende de recrutamentos que ofereçam condições iguais a todos.
No entanto, sabemos que nossa sociedade impõe muitas dificuldades aos grupos minorizados do país. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a população brasileira é formada por mais de 50% de mulheres, 54% de pessoas negras e 8,4% de PCDs. Porém, esses grupos costumam encontrar maiores índices de desemprego e informalidade, assim como cargos menos reconhecidos e salários mais baixos.
Situações desse tipo têm muitas explicações, que passam pelo preconceito das empresas, mas têm origem muito mais profunda. Pessoas negras e PCDs, por exemplo, costumam ter menos acesso a serviços públicos e à educação, o que impõe obstáculos mais tarde no mercado de trabalho. Da mesma forma, mulheres são sobrecarregadas com a demanda de cuidados domésticos, que muitas vezes as impede de trabalhar.
Esses são apenas alguns exemplos, mas sabemos que, de forma geral, grupos minorizados enfrentam maiores dificuldades para acessar as vagas de emprego. Isso vai perpetuando o preconceito e aumentando a lacuna em comparação com homens brancos, cis, heterossexuais, de classe média e sem deficiência, por exemplo.
Assim, empresas que querem promover a diversidade precisam dar um passo a mais para conquistar esses profissionais. É preciso garantir que nenhum candidato seja vítima de preconceito e, mais do que isso, diminuir o peso dessas “desvantagens” estruturais na seleção.
Como promover
Como você viu, um recrutamento inclusivo tem muitas etapas. A primeira é o combate ao preconceito e aos vieses inconscientes dentro da equipe. Muitas vezes, carregamos pensamentos tão enraizados que nem notamos que são formas de discriminação. Então é importante começar por aí.
Mas, como você viu, grupos minorizados enfrentam uma série de outras barreiras, que podem não ficar tão evidentes para os recrutadores. Dificuldade de locomoção até a empresa e de comunicação, por exemplo, são problemas que muitos PCDs enfrentam. Ao mesmo tempo, mulheres que são mães podem não ter onde deixar os filhos para as entrevistas.
São várias as nuances que precisam ser consideradas para que o seu recrutamento seja realmente acolhedor para pessoas de diferentes situações de vida. A seguir, reunimos algumas práticas que podem ajudar no processo.
Treine seu time
Preparar seu time de Recursos Humanos e as lideranças de cada equipe é fundamental para garantir um recrutamento inclusivo. Como falamos, esses profissionais devem estar atentos para combater preconceitos e ter sensibilidade para notar qualquer situação discriminatória no processo.
Revise processos e requisitos
Depois dos treinamentos, é importante que os recrutadores façam uma revisão dos processos seletivos. Entenda todas as etapas e quais podem representar dificuldades para a inclusão. Aqui, vale reparar tanto em aspectos de acessibilidade para pessoas com deficiência, por exemplo, quanto outras questões.
Seleções com muitas etapas, por exemplo, podem ser especialmente difíceis para quem enfrenta outras barreiras estruturais. Será que seu processo precisa de tudo isso? Tire o que for desnecessário e deixe apenas as partes essenciais para conhecer a pessoa candidata.
Avalie os requisitos
Ainda nessa revisão, você precisa avaliar os requisitos que está impondo para as vagas. Evite encher a página de divulgação com exigências. Isso afasta muita gente que faz parte de grupos minorizados, pois esses candidatos costumam sofrer com maior insegurança.
Por já terem sido preteridos por suas características antes, muitos só se candidatam quando sentem que se encaixam totalmente na descrição da vaga.
Um estudo do LinkedIn, por exemplo, mostrou que mulheres tentam 20% menos vagas do que os homens. Isso porque elas tendem a se candidatar apenas quando preenchem 100% dos requisitos, enquanto eles se inscrevem quando cumprem 60% das exigências.
Preocupe-se com a acessibilidade
Outro fator importante para um recrutamento inclusivo é a acessibilidade. Garanta que suas vagas sejam divulgadas com recursos de acessibilidade para cegos e surdos e que a entrevista seja adequada para o tipo de deficiência da pessoa candidata, com o caso de intérpretes, se for preciso.
Caso a conversa seja presencial, preste atenção na acessibilidade do local escolhido também, para garantir que cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida possam chegar sem problemas.
Tudo isso vai garantir que PCDs consigam participar adequadamente dos processos seletivos e sintam vontade de trabalhar na sua equipe.
Busque novas formas de divulgação
Como você está divulgando suas vagas? Se o principal canal forem os próprios colaboradores e colaboradoras, podem ser que eles acabem atraindo sempre o mesmo perfil de candidato. Por isso, você precisa considerar esse fator para recrutar equipes diversas. Utilize plataformas variadas e, se for o caso, busque grupos externos.
Hoje em dia, existem muitos grupos auto-organizados de PCDs, mulheres, negros e negras e LGBTs que promovem a inclusão em áreas específicas, como a tecnologia. Pesquise os existentes e entre em contato para saber se eles possuem alguma forma de divulgação de vagas.
Além disso, deixe claro na descrição da vaga que candidaturas de grupos minorizados são sempre valorizadas e aconselhadas. Esse tipo de recado evidencia que sua empresa está preocupada com a inclusão e que oferece um espaço sem preconceitos.
Colha feedbacks
Por último, lembre-se de colher feedbacks do processo seletivo. Você pode criar um formulário anônimo, para garantir mais privacidade, ou conversar individualmente. O importante é entender quais foram os pontos que chamaram mais atenção no recrutamento, tanto do lado positivo quanto negativo.
Assim, você vai conseguir identificar pontos de melhoria e ações que devem ser reforçadas das próximas vezes.
Gostou de saber mais sobre recrutamento inclusivo? Esperamos que, com essas dicas, você consiga construir um time mais diverso e engajado. Para ir além, sua empresa pode optar por uma ajuda externa, que vai auxiliar na construção de uma cultura transformadora.
Acesse nosso artigo que explica como funciona uma consultoria de diversidade e inclusão e entenda seu negócio pode se beneficiar!