A constatação foi feita pelo portal Vagas.com, que investigou a relação entre maternidade e trabalho. Segundo a pesquisa, 70% das entrevistadas já ouviram questionamentos do tipo em entrevistas.

Trata-se de uma prática vexatória proibida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Segundo a lei, não se pode “recusar emprego, promoção ou motivar a dispensa do trabalho em razão de sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez”.

Mesmo assim, muitas mulheres passam por esse tipo de constrangimento, que perpetua a desigualdade de gênero nas empresas. Afinal, perguntas assim raramente são feitas para candidatos homens.

Pensando em situações como essa, reunimos neste artigo os principais desafios das mães no mercado de trabalho e algumas dicas para empresas que querem acolher a maternidade. Boa leitura!

Maternidade e trabalho: quais são os principais desafios?

Como falamos, o preconceito com a maternidade é um dos obstáculos para a diversidade de gênero nas empresas. Afinal, a responsabilidade com o cuidado dos filhos pesa muito mais para as mães em nossa sociedade.

Hoje, existem leis trabalhistas que buscam garantir a inclusão dessas mulheres no mercado. Mas nem sempre a legislação é suficiente. A seguir, listamos alguns desafios que, infelizmente, são bastante comuns para as mães.

Exclusão em processos seletivos

Como você viu, ainda existem muitos processos seletivos excludentes para as mães. Perguntas como “quem vai cuidar dos seus filhos quando você estiver trabalhando” ou suposições de que, por serem mães, elas não poderão assumir compromissos no trabalho são comuns.

Isso perpetua, muitas vezes, vieses inconscientes sobre maternidade e trabalho, que acabam deixando essas mulheres de fora dos processos seletivos.

Medo de demissão

Outro desafio enfrentado pelas mulheres que são mães é o medo de demissão. Principalmente para aquelas que tiveram filhos há pouco tempo e passaram pela licença maternidade.

Mesmo com a lei que garante estabilidade durante a gravidez e a licença, muitas acabam sendo demitidas pouco tempo após voltarem. Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, por exemplo, mostrou que mais da metade das mulheres estão fora do mercado de trabalho em até 24 meses após retornarem ao trabalho.

Licença maternidade curta

O estudo da FGV mostrou também que a licença curta é um dos motivos para esse problema. Isso porque elas acabam retornando cedo demais ao emprego. Não ter onde deixar a criança, não conseguir amamentar e outras dificuldades acabam atrapalhando aquelas que recebem apenas quatro meses de benefício.

Horários rígidos

Outro problema encarado por muitas mães são os horários rígidos. Como escolas e creches têm horários que, muitas vezes, são mais curtos que a jornada de trabalho, elas têm dificuldade de conciliar os cuidados com os filhos e o emprego.

Além disso, imprevistos acontecem, crianças ficam doentes e tiram férias, o que pode demandar presença das mães em casa. Da mesma forma, ter que fazer hora extra com frequência ou trabalhar em horários alternativos também atrapalha muito a rotina de quem tem filhos.

 

Como ser uma empresa inclusiva para as mães?

Diante desses problemas, como promover uma empresa mais inclusiva para mães e pessoas que gestam, de forma geral? A seguir, reunimos algumas dicas que podem ajudar a dar o primeiro passo.

Ofereça flexibilidade

Flexibilidade de horários e poder trabalhar de casa, quando necessário, são duas formas de garantir maior inclusão das mães no mercado de trabalho. Afinal, elas terão condições de acompanhar os filhos sempre que necessário.

A maneira de acompanhar a produtividade também pode ser diferente, por meio de metas e não pelo tempo dedicado a cada tarefa. Isso permite que elas continuem cumprindo seus compromissos, sem preocupações tão rígidas com o banco de horas.

Estenda a licença maternidade

Como você viu, a licença maternidade de quatro meses é insuficiente em muitos casos. Nos primeiros meses, o bebê demanda muito da mãe e a própria amamentação é muito cansativa. Além disso, hoje a pediatria indica que a introdução alimentar seja feita só depois dos seis meses. Mas acaba sendo adiantada quando as mães precisam voltar antes ao trabalho.

Por isso, considere oferecer licença maternidade estendida para suas colaboradoras. O estudo da FGV que citamos anteriormente comprova: mulheres com licença maternidade de seis meses têm mais chances de permanecer no emprego nos anos seguintes ao retorno.

Lembre-se também das adotantes e mães em relacionamentos homoafetivos. Nesses casos, mesmo que a mulher não tenha gestado a criança, ela ainda precisa da licença para se adaptar à nova rotina com um filho em casa. Por isso, considere estender também esse período, tão importante para a família.

Conheça as leis relacionadas à maternidade e trabalho

Como citamos anteriormente, existe uma série de direitos para as mães e gestantes no país, assegurados pela legislação trabalhista. Para garantir a inclusão dessas mulheres, você deve conhecê-los e saber comunicá-los às funcionárias. Veja alguns exemplos:

  • Estabilidade no emprego, desde o momento que a gravidez é descoberta, até cinco meses após o nascimento ou adoção;
  • Duas pausas de trinta minutos para amamentação no trabalho até que o bebê complete seis meses;
  • Afastamento de atividades insalubres durante a gravidez.

Construa uma cultura empática

Por fim, vale lembrar: uma cultura baseada no respeito e na empatia é fundamental para promover diversidade e inclusão. E no caso da relação entre maternidade e trabalho não é diferente. Por isso, construa uma comunicação aberta e sincera, com flexibilidade e cuidado.

Mas também evite um comportamento paternalista, que diminui a capacidade da mulher só porque ela tem filhos. Quando tiver dúvida se uma trabalhadora pode desempenhar determinada atividade, pergunte e se coloque à disposição para ajudá-la.

Por último, não esqueça de investir em educação, tanto entre os líderes quanto para o time de Pessoas. É importante que todos discutam a questão da maternidade, independentemente do gênero, e estejam prontos para acolher colaboradoras grávidas.

Agora que você viu um pouco mais sobre a relação entre a maternidade e trabalho, que tal saber mais sobre outras formas de promover a inclusão no ambiente corporativo? Acesse nosso artigo sobre diversidade étnica nas empresas e saiba mais sobre o assunto!