Com a evolução do tema sobre diversidade, equidade e inclusão na sociedade, as pessoas começaram a prestar mais atenção às ações das marcas que consomem. Dentro das organizações, isso se reflete na necessidade de entender e verificar indicadores de diversidade. 

Em 2021, uma pesquisa realizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontou que a maioria das empresas entendem a importância de programas e políticas de DEI. Mais de 60% dos entrevistados afirmaram que o número de pessoas de grupos minorizados aumentou nas suas organizações nos últimos dois anos. 

Dentro dos grupos, a população LGBTQIA+, pessoas negras e a população de baixa renda ganham mais espaço. As pessoas egressas do sistema penitenciário, migrantes e transexuais são menos representadas. 

Desse modo, indicadores de diversidade são utilizados para apontar os impactos das iniciativas que já estão em prática e também para mapear oportunidades e estabelecer novas metas nas empresas. 

Como e por que as empresas devem monitorar indicadores de diversidade?

Mesmo a diversidade e inclusão sendo um assunto abordado desde 1960 – a partir do avanço dos movimentos sociais – somente agora ele é visto de forma mais abrangente. 

Assim, os efeitos dos obstáculos enfrentados por grupos minorizados interferem diretamente em como esses profissionais são vistos.

Para que as pessoas sejam incluídas, as empresas devem determinar e monitorar indicadores de diversidade e inclusão significativos para a sua organização. Analisar métricas diferentes, com ações práticas de diversidade e alinhadas com as estratégias de gestão.

Desse modo, as empresas podem definir indicadores de diversidade quantitativos e qualitativos. 

  • Indicadores quantitativos: revelam um panorama que pode abordar desde a representatividade vertical — em cargos de todos os níveis — até informações sobre a diversidade em vários aspectos, como recrutamento, engajamento e permanência, promoções, salários, entre outros.
  • Indicadores qualitativos: permite que se conheça dados sobre a satisfação das pessoas colaboradoras, experiência no ambiente de trabalho, expectativas de crescimento, entre outros.  

Pensar em diversidade é sair da zona de conforto e repensar maneiras de atuação para atrair, contratar e treinar os grupos que são atingidos pela falta de inclusão.

Quando se trata de diversidade, é possível enxergar vários contextos, como: estatísticas de empregabilidade, obstáculos sociais, a maneira como acontece o preconceito desde o primeiro contato (ainda na candidatura, por exemplo), entre outras situações. 

5 indicadores de diversidade e inclusão nas empresas

Durante o planejamento para implementar uma cultura de diversidade e inclusão saudável, é fundamental acompanhar KPIs. 

Um detalhe importante é que a aplicação de muitos dos indicadores parte da ideia de que a empresa já possui um grupo específico de pessoas que entraram na empresa após a promoção de política de DEI. Nesse caso, o monitoramento é comparativo, ou seja, como estão as pessoas dentro desse grupo em relação ao restante da empresa? 

A seguir, conheça alguns indicadores de diversidade. 

1. Censo de diversidade

Trata-se de um mapeamento que traz um panorama da diversidade na organização. Quantas pessoas LGBTQIA+ compõe o quadro de pessoas colaboradoras? Quantas pessoas negras? PcDs? Quais cargos ocupam? Esse levantamento utiliza diferentes metodologias e por meio dele, é possível reconhecer os pontos mais importantes a serem trabalhados rumo a uma cultura mais diversa e inclusiva.  

Afinal, promover a diversidade nas empresas passou a ser uma das prioridades de muitos setores de RH. Ao desenvolver uma empresa livre de preconceitos e que abraça as diferenças com espaço para todos, a organização contribui para melhorar a própria imagem. Além disso, auxilia no desenvolvimento pessoal e profissional das pessoas colaboradoras.

2. Aspectos do recrutamento

A finalidade do recrutamento é trazer o máximo de profissionais possíveis, dentro das especificações necessárias. Mas quais são essas especificações? 

Assim, para fazer um recrutamento inclusivo, é preciso observar, por exemplo, se os requisitos dispostos nas vagas não são excessivos. Isso porque um número desnecessário de exigências pode fazer com que muitas pessoas nem tentem a candidatura por achar que estão “fora do padrão da empresa”. 

Assim, é recomendável analisar se há um padrão nos perfis das pessoas que se candidatam às vagas. Afinal, quantos são de grupos minorizados? Mais especificamente, verifique  a existência de vieses inconscientes que podem dificultar a inserção de outros grupos. 

3. Satisfação dos funcionários

O nível de satisfação dos funcionários é considerado um grande diferencial competitivo e isso influencia diretamente no crescimento dos negócios.

Quando estão satisfeitas, as pessoas tendem a se empenhar mais para realizar suas atividades de trabalho e a buscar também pelo próprio crescimento profissional. Nesse caso, é importante monitorar não só o nível geral de satisfação das pessoas da organização, mas comparar esse número com o do grupo diverso. 

4. Recompensas e benefícios 

Comparar as recompensas e benefícios financeiros distribuídos a colaboradores e colaboradoras do grupo monitorado com o do grupo não monitorado, podem dizer muito sobre o viés da diversidade e inclusão dentro da empresa. 

Além disso, a oferta de descontos em determinados serviços pode ser muito importante para pessoas de grupos minorizados. Por exemplo, convênios com escolas de idiomas para aprendizado de uma nova língua. 

Para uma parte das pessoas que trabalham na empresa e já são bilíngues, esse tipo de benefício pode não ser de grande valia. Mas, se você pretende aumentar a diversidade na sua empresa e sabe que essa é uma habilidade a ser desenvolvida, é importante considerar o monitoramento do uso desse tipo de benefício. 

5. Desenvolvimento de carreira 

Para além de recompensas e promoções, as pessoas esperam crescer dentro da empresa. Isso significa ser promovido ou promovida, assumir novas responsabilidades e cargos de liderança.

Monitorar a evolução do plano de carreira de funcionários e funcionárias é importante. Assim, também é fundamental acompanhar a evolução das pessoas do grupo diverso monitorado e comparar com as outras pessoas da empresa. 

Por fim, a diversidade nas empresas também pode ser identificada com a ajuda dos grupos de afinidade. O fato é que quando o RH olha para os grupos minorizados e analisa KPIs, é possível compreender se a empresa já tem a diversidade como realidade e qual o nível de maturidade das ações. 

O monitoramento de KPIs de diversidade para além de uma tendência

As taxas de desemprego e empregos mal remunerados são maiores em relação à população negra. Segundo o IBGE, em 2021, esse grupo foi um dos mais atingidos, devido à pandemia de Covid-19. 

Por esse motivo, as ações de diversidade nas organizações não objetivam só uma reparação histórica, mas um aproveitamento óbvio de pessoas que podem e querem ter mais oportunidades para mostrar seus talentos. 

Os indicadores de diversidade são peças-chave para que as empresas comecem a mensurar os dados de diversidade no quadro de colaboradores e, a partir daí, consigam aplicar ações efetivas para ampliar a inclusão.

Uma pesquisa da Harvard Business Review identificou dados interessantes com relação à diversidade nas empresas e o seu impacto na inovação e no crescimento do negócio. 

De acordo com o relatório, ao correlacionar a diversidade na liderança com a evolução da empresa no mercado, foi possível constatar que:

“45% das pessoas trabalhando em empresas diversas estão mais propensas a dizer que a participação de mercado cresceu em relação ao ano anterior e 70% afirmam que a empresa conquistou um novo mercado”.

Isso acontece porque empresas diversas tendem a criar ambientes de trabalho onde as ideias mais ousadas, os testes e as tentativas de mudança são incentivados em um ambiente seguro e acolhedor. 

Na busca pela inovação, o importante não é acertar sempre, mas saber aprender com os erros. Empresas diversas sabem trabalhar bem com essa equação e podem ir além nesse aprendizado.

Assim, a contratação de capacitações e consultorias, como as oferecidas pela Singuê, devem estar no radar das lideranças.