Quando discutimos diversidade e representatividade, logo surge um questionamento: mas qual o objetivo dessas iniciativas? Como o assunto está cada vez mais em voga, essa é uma pergunta legítima. Afinal, há muitas empresas que estão entrando na onda sem realmente se comprometerem com a causa. É aí que entra o debate entre intencionalidade e tokenismo.
Em um mercado no qual a disputa por talentos é crescente, ações de inclusão feitas apenas por marketing ou para evitar acusações de discriminação podem ser comuns. Por outro lado, é importante valorizar também iniciativas sérias de promoção da diversidade, pois há muitas organizações trabalhando nesse sentido.
Ficou com curiosidade? Neste artigo, vamos explicar o que significa intencionalidade, tokenismo e como você pode construir ações de inclusão realmente eficazes. Boa leitura!
O que é tokenismo?
Tokenismo é um termo que define a inclusão simbólica de grupos minorizados, sem mudanças na estrutura das organizações. O termo vem do inglês “token” (“símbolo”, em português) e foi utilizado pela primeira vez na década de 1960, no livro “Por que não podemos esperar”, de Martin Luther King.
Na época, Luther King utilizou essa expressão para questionar a ideia de que colocar alguns negros em posições de poder era suficiente para alterar a situação de opressão por todo o grupo. Ele questionava a falsa inclusão de apenas algumas pessoas negras com o único objetivo de passar uma imagem “progressista”, ou seja, apenas de forma simbólica.
Algum tempo depois, o termo passou a ser usado também no mundo corporativo, inclusive por outros grupos minorizados. A professora Rosabeth Moss Kanter foi uma das pesquisadoras do tokenismo. No caso dela, para descrever principalmente a situação das mulheres no mercado de trabalho.
Segundo Kanter, além do problema social do tokenismo (porque não representa uma mudança real, apenas simbólica), há também impactos para os colaboradores. Mesmo que tenham oportunidades, esses profissionais costumam sofrem com maior pressão no ambiente de trabalho, porque acabam ganhando mais visibilidade em comparação com seus colegas.
Além disso, os indivíduos são lançados à posição de “representantes” de seu grupo minorizado, mesmo sem terem essa intenção. Com isso, são consultados apenas para assuntos relativos a essas questões, enquanto não são ouvidos da mesma maneira para outros temas.
Um exemplo clássico é quando a única pessoa negra da equipe é convidada para falar nas redes sobre o mês da Consciência Negra. Ou quando aquele colaborador LGBT é chamado para dar seu depoimento sobre o Dia do Orgulho.
Porém, nem todas as ações de inclusão devem ser vistas como tokenismo. Existem empresas realmente comprometidas com a mudança social e que buscam promover a diversidade de maneira mais profunda. Nesses casos, podemos dizer que há intencionalidade.
O que é intencionalidade?
A intencionalidade é a prática da inclusão e diversidade com propósito e mudanças mais amplas. Não se trata apenas de contratar algumas pessoas de grupos minorizados, mas aplicar transformações na estrutura e na cultura da empresa.
Nesse caso, podemos dizer que a intencionalidade é o oposto do tokenismo, porque não se preocupa apenas com uma inclusão simbólica, mas sim em transformar o ambiente de trabalho.
Por isso, a diferença entre ambos não é meramente numérica. É possível promover a intencionalidade mesmo em empresas que ainda estão longe de alcançar a igualdade plena no quadro de funcionários. Trata-se de uma mudança qualitativa, que busca promover a equidade e o bem-estar dos profissionais envolvidos.
Nesses casos, é melhor que a empresa seja transparente e afirme: “estamos longe do que gostaríamos na presença de pessoas negras em nossa empresa e preferimos não expor aquelas que já estão conosco, construindo essa mudança”. Do que fazer ações de marketing sem amadurecer antes suas práticas internas.
Como construir ações de inclusão com intencionalidade?
Como você viu, é possível construir ações de diversidade e inclusão com intencionalidade. Mas isso passa por um comprometimento de toda a empresa, principalmente das lideranças. A seguir, listamos algumas dicas para começar. Olha só!
Invista em educação
O primeiro passo de uma empresa realmente comprometida com a diversidade é buscar informações. Hoje, existe muito conteúdo disponível para as organizações que querem entender o impacto da inclusão nos seus times. Além disso, há cursos, mentorias, palestras e outros formatos de aprendizagem que podem apoiar sua equipe nesse processo.
Ouça pessoas de grupos minorizados
Nós falamos que ouvir grupos minorizados apenas sobre suas pautas é tokenismo. Mas isso não significa que a empresa não deva escutá-los. Pelo contrário, é fundamental que essas pessoas sejam convidadas a participar das iniciativas de inclusão e diversidade. A questão é que elas devem se envolver o quanto se sentirem confortáveis e precisam de um espaço no qual possam ser sinceras. Principalmente quando têm feedbacks negativos a dar.
Faça mudanças culturais
Você também viu que transformações mais amplas são necessárias nas empresas que querem ser inclusivas. Afinal, os colaboradores que fazem parte de grupos minorizados precisam de um ambiente confortável para trabalhar.
Isso passa por mudanças na cultura organizacional da empresa, que deve valorizar a equidade, o diálogo sobre as diferenças e a transparência, para evitar vieses inconscientes.
Mexa nas estruturas
Outra forma de agir com intencionalidade e mostrar que a empresa tem um compromisso com a inclusão é mexer na organização interna. Não adianta contratar pessoas colaboradoras de grupos minorizados e mantê-las sempre nos cargos de menor senioridade ou com menores salários.
É importante que a empresa tenha um plano de cargos e salários adequado e transparente para todos os profissionais. Além disso, ações afirmativas são boas práticas para diminuir as lacunas entre esses grupos e os demais colaboradores. Seja no recrutamento ou na formação de lideranças, você pode reservar vagas e criar programas específicos de capacitação.
Conte com apoio especializado
Por último, vale considerar também apoio especializado. Hoje, existem consultorias que oferecem às empresas apoio para implementar ações de diversidade e inclusão com intencionalidade. Essas empresas podem apoiar seu time de Recursos Humanos e suas lideranças para promover mudanças em toda a equipe.
Entenda como funcionam as consultorias de diversidade e inclusão neste artigo e veja como nosso time pode ajudar a sua organização!