Equidade racial

Promovendo a equidade racial: desafios no ambiente de trabalho

A equidade racial busca garantir que todas as pessoas, independentemente de sua origem étnico-racial, tenham as mesmas oportunidades, tratamento justo e reconhecimento dentro das organizações. É um esforço para romper com as barreiras que historicamente excluíram certos grupos e perpetuaram desigualdades.

No entanto, a promoção da equidade racial enfrenta obstáculos complexos. Diversos preconceitos e estereótipos arraigados na sociedade podem influenciar as relações no ambiente de trabalho. Além disso, a falta de representatividade e a ausência de políticas de diversidade podem dificultar a criação de um espaço que valorize a inclusão. 

Neste artigo, vamos explorar a importância da equidade racial e os desafios enfrentados pelas empresas na promoção desse princípio. Mas também mostraremos algumas estratégias e práticas inclusivas, buscando uma transformação cultural nas organizações. Continue com a gente e entenda! 

Compreendendo a equidade racial

A equidade racial trata do tratamento justo e da igualdade de oportunidades para todos, garantindo que grupos raciais minorizados tenham acesso igualitário a recursos, representação e avanço dentro da sociedade. Assim, alcançar a equidade racial envolve reconhecer e corrigir as barreiras e práticas discriminatórias que perpetuaram as disparidades raciais.

Essa é uma mudança que envolve toda a sociedade e, para as empresas, trata-se de uma demanda urgente. De acordo com a pesquisa global "Millennial & Gen Z Survey" de 2021, mais de 30% do público jovem acredita que o racismo é sistêmico e precisa ser discutido pela sociedade com urgência. 

Assim, assumir um compromisso com a justiça racial mostra que as empresas estão atentas às demandas do seu público. Mas ter a equidade racial como um princípio nas estratégias da organização não beneficia apenas a imagem da marca. Esse tipo de iniciativa também cria valor para o negócio e para a sociedade como um todo. 

A desigualdade racial dentro das organizações é um problema sistêmico que requer uma resposta igual. No Brasil, por exemplo, apenas 4,7% das pessoas negras ocupam posições executivas, em contraste com os 94,2% de brancos, segundo um levantamento da BBC.  

Além disso, um estudo da FGV Social revelou que os indígenas foram o grupo mais afetado pelos impactos da pandemia no mercado de trabalho, sofrendo uma redução de 28,6% em sua renda. Esses dados ilustram a urgência de ações efetivas para promover a equidade racial e combater as disparidades existentes.

Promovendo a equidade Racial nas empresas 

Criar um ambiente de trabalho que promova a equidade racial requer uma abordagem em diversas frentes. A seguir, mostramos algumas estratégias-chave que as organizações podem implementar. 

Iniciativas de diversidade e inclusão

As organizações devem priorizar esforços de diversidade e inclusão, garantindo que indivíduos de diversas origens raciais sejam representados em todos os níveis. Isso pode ser alcançado por meio de políticas afirmativas, programas de mentoria e promoção de uma cultura inclusiva que valorize perspectivas e experiências diferentes.

Eliminação de vieses inconscientes

Os profissionais de RH desempenham um papel crucial na promoção da equidade racial, utilizando práticas justas e inclusivas. Isso inclui garantir processos de recrutamento inclusivo, avaliações de desempenho imparciais e igualdade de oportunidades de crescimento na carreira. Além disso, o RH deve fornecer treinamento sobre vieses inconscientes para todos os funcionários, a fim de mitigar o impacto de preconceitos implícitos na tomada de decisões.

Desenvolvimento de competência cultural

As organizações devem investir em programas de treinamento que aprimorem o letramento racial dos profissionais e promovam a sensibilidade racial. Isso pode ajudar os indivíduos a entender e apreciar perspectivas diversas, criando um ambiente de trabalho mais inclusivo.

Implementação de ações afirmativas

Programas de ações afirmativas podem ser eficazes para lidar com desequilíbrios históricos e promover a equidade racial. Esses programas envolvem medidas proativas, como metas de diversidade e políticas que incentivem a contratação de grupos minorizados. 

Desafios na promoção da equidade racial

Apesar da importância de promover a equidade racial, os profissionais de RH e líderes enfrentam vários desafios para criar ambientes de trabalho inclusivos. 

Resistência à mudança

A resistência à mudança pode ser um grande obstáculo para a promoção da equidade racial. Algumas pessoas podem resistir à adoção de novas políticas ou iniciativas, temendo perder seus privilégios ou oportunidades. Superar essa resistência requer comunicação eficaz, educação e um compromisso sólido por parte da liderança em fomentar a equidade racial.

Falta de representatividade

A sub-representação de grupos minorizados em cargos de liderança é um desafio persistente. A representatividade limitada dificulta o desenvolvimento de perspectivas diversas e pode perpetuar desigualdades existentes. As organizações devem priorizar esforços para aumentar a representatividade em todos os níveis, incluindo cargos de liderança. Assim, podem garantir que vozes diversas sejam ouvidas e tenham influência nos processos de decisão.

Desigualdade nas oportunidades 

A qualidade da educação tem um impacto significativo nas perspectivas futuras de emprego. Disparidades nas oportunidades educacionais afetam desproporcionalmente minorias raciais, contribuindo para desigualdades persistentes no mercado de trabalho. As organizações podem enfrentar esse desafio por meio de parcerias com instituições educacionais, bolsas de estudo e programas de mentoria. Além de fornecer recursos para melhorar o acesso e a qualidade da educação em comunidades marginalizadas.

Promover a equidade racial no ambiente de trabalho requer esforços contínuos das organizações, profissionais de RH e lideranças inclusivas. Ao abraçar a diversidade e enfrentar preconceitos, podemos avançar significativamente na construção de ambientes de trabalho mais justos. 

No entanto, precisamos estar atentos aos desafios e enfrentá-los de forma proativa para alcançar mudanças reais e duradouras. Com um compromisso coletivo com a equidade racial, podemos criar ambientes que valorizem e capacitem indivíduos de todas as origens, contribuindo para uma sociedade mais democrática. 

Juntos, podemos construir um futuro onde todos tenham as mesmas oportunidades e sejam respeitados em sua plena diversidade. Se você também quer fazer parte dessa mudança, conheça o trabalho de uma consultoria de diversidade e veja como podemos ajudar!


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Políticas afirmativas e programas de desenvolvimento nas empresas

As políticas afirmativas têm sido amplamente discutidas e implementadas em diversos setores da sociedade, visando combater as desigualdades históricas e promover a inclusão de grupos minorizados. 

As ações afirmativas nas universidades tiveram um impacto importante para reduzir barreiras históricas de acesso ao ensino superior. Devido às políticas de cotas, o número de alunos negros no ensino superior cresceu quase 400%, entre 2010 e 2019. Hoje, os alunos negros são mais da metade dos matriculados nas universidades públicas. Apesar disso, a população negra ainda é minoria em cargos de liderança em empresas no Brasil. 

Esse cenário também se repete quando pensamos na representatividade das mulheres no ensino superior. Sem falar nos grupos que ainda nem sequer conseguem acessar a universidade, como a população indígena e trans. Esses dados mostram que ainda há um trabalho muito longo a ser feito para promover a diversidade no mercado de trabalho. 

Por isso, no contexto empresarial, a adoção de políticas afirmativas e programas de desenvolvimento voltados para esses grupos tem se tornado uma estratégia cada vez mais relevante para promover a diversidade e a igualdade de oportunidades. 

Neste artigo, vamos explorar a importância dessas medidas, seus benefícios e desafios, bem como exemplos de práticas bem-sucedidas. Boa leitura! 

O que são políticas afirmativas?

As políticas afirmativas são ações para promover a inclusão e a igualdade de oportunidades para grupos minorizados, que historicamente enfrentaram discriminação e marginalização. Essas políticas procuram corrigir desequilíbrios sociais e econômicos. Garantindo, assim, que esses grupos tenham acesso equitativo a oportunidades educacionais, emprego e representação política. 

No contexto empresarial, as políticas afirmativas podem ser implementadas por meio de programas de recrutamento, treinamento e desenvolvimento específicos para grupos minorizados. 

Essas medidas visam romper com as barreiras que limitam o acesso a oportunidades de emprego e promoção profissional para essas populações, criando um ambiente de trabalho mais inclusivo e diverso.

Os programas de desenvolvimento, por sua vez, são parte das políticas afirmativas. Essas iniciativas buscam fornecer suporte, capacitação e oportunidades de crescimento profissional para pessoas pertencentes a grupos minorizados ou pouco representados.  Eles podem incluir ações como mentoria, treinamentos específicos e programas de estágio, por exemplo. 

Benefícios das políticas afirmativas 

A implementação de políticas afirmativas e programas de desenvolvimento nas empresas traz uma série de benefícios. Em primeiro lugar, essas ações promovem a diversidade na equipe, reunindo pessoas com diferentes origens, perspectivas e experiências. Isso impulsiona a criatividade, a inovação e a resolução de problemas. Pois indivíduos com vivências diversas trazem diferentes pontos de vista para o ambiente corporativo.

Além disso, as políticas afirmativas contribuem para a construção de uma cultura organizacional mais inclusiva. Ao demonstrar um compromisso com a diversidade e a igualdade, as empresas fortalecem sua reputação como empregadores socialmente responsáveis, atraindo talentos diversos e engajados. 

A diversidade nas empresas também melhora a capacidade das organizações de se relacionarem com clientes e consumidores de diferentes origens e culturas. Assim, é possível ampliar sua base de mercado e aumentar a competitividade.

Outro benefício importante das políticas afirmativas é o desenvolvimento de lideranças inclusivas e representativas. Ao oferecer oportunidades de desenvolvimento profissional para grupos minorizados, as empresas estão investindo no potencial desses talentos, ampliando suas perspectivas e habilidades de gestão. A presença de líderes diversos não apenas fortalece a tomada de decisões, mas também serve como exemplo para outros profissionais pertencentes a esses grupos, incentivando-os a buscar posições de destaque. 

Desafios e resistências

Apesar dos benefícios claros das políticas afirmativas e programas de desenvolvimento, sua implementação muitas vezes enfrenta desafios e resistência. 

Algumas pessoas argumentam que essas medidas ferem o princípio da meritocracia nas empresas. Elas alegam que o mérito individual deveria ser o único critério considerado na contratação e promoção. No entanto, é importante reconhecer que a meritocracia pode ser influenciada por privilégios e desigualdades sistêmicas, o que torna necessária a adoção de ações afirmativas para corrigir essas distorções.

Outro desafio é a resistência de grupos que se sentem ameaçados pela promoção da diversidade e da igualdade de oportunidades. Essa resistência pode vir de dentro e fora das organizações, manifestando-se por meio de preconceitos, estereótipos e discriminação. Para superar esses obstáculos, é essencial promover uma cultura inclusiva que valorize a diversidade e a equidade, e que envolva todos os membros da organização na promoção desses valores.

Exemplos de programas de desenvolvimento 

Apesar dos desafios, muitas empresas estão implementando políticas afirmativas e programas de desenvolvimento bem sucedidos. O Magazine Luiza, por exemplo, adotou uma política de trainee exclusiva para candidatos negros, visando ampliar a representatividade desses profissionais em cargos de liderança. Essa iniciativa recebeu reconhecimento nacional e estimulou outras empresas a adotarem medidas semelhantes.

Outro exemplo é a Bayer, que implementou um programa de estágio exclusivo para pessoas com deficiência, proporcionando a elas a oportunidade de adquirir experiência profissional e desenvolver suas habilidades. Essas ações afirmativas demonstram um compromisso real com a inclusão e a igualdade de oportunidades, promovendo a diversidade e o respeito pela dignidade de todos os indivíduos.

Além disso, programas de mentoria e sponsorship também têm se mostrado eficazes no desenvolvimento de talentos de grupos minorizados. Esses programas fornecem apoio, orientação e oportunidades de aprendizado para que os profissionais possam progredir em suas carreiras. Ao estabelecer uma rede de mentores e patrocinadores, as empresas podem ajudar a superar barreiras e acelerar a ascensão profissional desses talentos.

As políticas afirmativas e programas de desenvolvimento para grupos minorizados nas empresas desempenham um papel fundamental na promoção da diversidade, igualdade de oportunidades e inclusão. Essas medidas são essenciais para corrigir desequilíbrios históricos e sistêmicos, garantindo que todos os indivíduos tenham acesso equitativo a oportunidades de emprego e desenvolvimento profissional.

Ao adotar políticas afirmativas, as empresas demonstram seu compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. A promoção da diversidade não apenas fortalece a cultura organizacional, mas também impulsiona a inovação, a criatividade e o desempenho empresarial.

Para alcançar o sucesso na implementação dessas medidas, é essencial envolver toda a organização e promover uma cultura inclusiva, que valorize e respeite a diversidade. Ao criar um ambiente de trabalho mais justo e igualitário, as empresas podem colher os benefícios de uma equipe diversa, capaz de enfrentar os desafios e oportunidades do mundo globalizado e multicultural em que vivemos.

Se a sua empresa está pronta para esse compromisso, que tal entender como uma consultoria de diversidade e inclusão pode ajudar? Conheça o trabalho da Singuê e saiba como colocar essas ações em prática!


Políticas de inclusão racial: como promover nas empresas

A luta por políticas de inclusão racial ganhou grande destaque nos últimos anos e chamou atenção para a necessidade de promover a equidade não apenas no âmbito social, mas também nas empresas. Dados preocupantes mostram que o racismo persiste no mercado de trabalho e que ainda há muito a ser feito para mudar a cultura das empresas. 

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios, do IBGE, a população negra corresponde a 55,8% dos brasileiros. Isso significa que há uma grande força de trabalho negra no mercado. No entanto, a representatividade negra em cargos de liderança ainda é muito pequena. Hoje, menos de 30% dessas posições são ocupadas por indivíduos negros. Além disso, a presença de negros nos Conselhos de Administração das 500 empresas de maior faturamento do Brasil é de apenas 4,9%, enquanto na gerência é de 6,3%. Esses números evidenciam a persistência da discriminação estrutural no ambiente profissional.

Diante desse contexto, gestores e empresas precisam adotar uma postura ativa e antirracista, buscando combater as barreiras e preconceitos que permeiam o mercado de trabalho. No entanto, surge uma importante pergunta: como combater a desigualdade racial nas organizações? É isso que vamos discutir no texto de hoje, mostrando qual o papel dos times de RH nesse processo. Confira!

Como as empresas estão implementando políticas de inclusão racial?

Na última década, inúmeros protestos evidenciaram as violências que população negra ainda passa, no Brasil e no mundo. Essas mobilizações levaram muitas empresas a se mobilizarem e implementarem ações para promover a inclusão racial. 

Um exemplo é projeto SoulAfro Axé da Johnson & Johnson, que busca promover o desenvolvimento pessoal e profissional de 90 pessoas negras, incluindo estudantes do ensino médio, universitários e funcionários da empresa. Durante pelo menos três anos, a J&J se compromete a oferecer infraestrutura, mentorias e treinamentos, buscando criar oportunidades de carreira para esses jovens. Além disso, a empresa promove aulas mensais sobre questões étnico-raciais para seus colaboradores, ministradas por educadores e oferece mentorias para analistas negros que demonstrem aptidão para a liderança. 

Na PwC, empresa internacional de consultoria e auditoria, uma das principais iniciativas para promover a inclusão social é estabelecer metas de contratação de pessoas negras. Essas metas foram acompanhadas por campanhas de conscientização para garantir o engajamento de toda a equipe. Para isso, a empresa implementou a prática de ter um voluntário de diversidade presente nas entrevistas para evitar vieses inconscientes e garantir decisões justas. 

Com essas ações, a PwC alcançou um aumento significativo nas contratações de pessoas negras, atingindo 40% nos programas de trainee, em comparação com os 8% registrados em 2018. 

Outra iniciativa importante na PwC é o programa de aceleração para profissionais negros, lançado em 2021. Esse programa seleciona analistas negros com potencial para a gestão e oferece mentoria, treinamentos e cursos de inglês. Além disso, a empresa também promove eventos que reúnem os profissionais negros da empresa, convidando personalidades negras de destaque para compartilhar suas experiências. Essas palestras buscam aumentar o sentimento de pertencimento, encorajando os profissionais a expressarem suas ideias e contribuírem nas reuniões.

Como colocar em prática ações de inclusão racial?

Todas essas iniciativas são exemplos do que a sua empresa pode fazer para colocar as políticas de diversidade, na prática. Mas é importante ter em mente que essas ações não podem ser feitas de maneira isolada. É fundamental que elas sejam feitas de forma integrada com um planejamento de diversidade e inclusão. Para quem quer começar, nós listamos algumas ações de diversidade e inclusão a seguir.

Engajamento das lideranças

Os gestores devem reconhecer a importância da diversidade e da inclusão racial para o crescimento e a relevância do negócio. Eles precisam se engajar ativamente na promoção dessas práticas e agir com intencionalidade

Educação Antirracista

A inclusão racial deve ser um pilar importante na cultura organizacional. É fundamental oferecer treinamentos e programas de educação antirracista para todos os colaboradores, a fim de aumentar a conscientização sobre os impactos do racismo e promover a empatia e o respeito. Além disso, projetos de letramento racial empoderam os colaboradores negros, que terão mais confiança para se posicionar dentro da empresa. 

Recrutamento e seleção inclusivos

As práticas de contratação devem ser revisadas para garantir que sejam inclusivas e livres de preconceitos. Isso pode incluir a adoção de critérios claros e objetivos e a diversificação dos canais de recrutamento. Além disso, o exemplo da PwC, de ter voluntários de diversidade acompanhando as entrevistas, é outra forma de identificar vieses inconscientes. 

Políticas de promoção e desenvolvimento

É importante estabelecer critérios objetivos e transparentes para a promoção e o desenvolvimento dos colaboradores para evitar perpetuar desigualdades. Incentivar a equidade de oportunidades e oferecer programas de mentoria e desenvolvimento de liderança específicos para profissionais negros são medidas fundamentais nesse sentido.

Criação de um ambiente inclusivo

As empresas devem promover um ambiente de trabalho inclusivo, onde todos os colaboradores se sintam valorizados e respeitados. Isso envolve criar de espaços seguros para diálogos sobre questões raciais, estabelecer políticas para endereçar casos de racismo e valorizar a diversidade em todas as suas manifestações.

Monitoramento e avaliação

É essencial que as empresas estabeleçam métricas e indicadores para monitorar o progresso das políticas de inclusão racial. Isso permite identificar desafios, medir o impacto das ações implementadas e realizar ajustes quando necessário.

Além dessas medidas, é importante que as empresas se comprometam publicamente com a causa da inclusão racial e assumam a responsabilidade pela construção de um ambiente mais justo e diverso. Isso pode envolver a divulgação de metas e resultados, a transparência na divulgação de informações sobre a diversidade interna da empresa e o engajamento em parcerias com organizações e iniciativas que promovam a equidade racial.

Promover a inclusão racial nas empresas não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia de negócio inteligente. A diversidade racial traz benefícios como a promoção da inovação, o aumento da criatividade, a ampliação de perspectivas e a melhoria do desempenho organizacional.

Portanto, é fundamental que gestores e líderes empresariais assumam a responsabilidade de promover políticas de inclusão racial e trabalhem para transformar a cultura e as práticas internas das organizações. Somente assim poderemos construir um futuro em que a igualdade racial seja uma realidade em todos os setores da sociedade. 

Se sua empresa precisa de apoio para dar esse passo, veja como uma consultoria de diversidade e inclusão pode ajudar!


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Como construir um programa de treinamento em diversidade e inclusão

A diversidade, equidade e inclusão assumiram um papel de destaque fundamental no ambiente corporativo. Segundo uma pesquisa realizada pela PwC, 76% dos negócios globais estão investindo nessas pautas, reconhecendo sua importância e prioridade no mercado. No entanto, apesar da conscientização crescente, os dados revelam que ainda há muito a ser feito.

Conforme a pesquisa, apenas 26% das companhias investem em metas de diversidade e para seus líderes. Isso mostra que há uma preocupação em construir times mais diversos, mas isso não se reflete nos cargos mais altos. Além disso, apenas 17% dos executivos pertencem a algum grupo minorizado, demonstrando a falta de representatividade na hierarquia corporativa. 

Diante desse cenário, como podemos promover mudanças efetivas nas empresas, investindo nas pessoas e criando oportunidades para todos? A resposta pode estar em um programa de treinamento em diversidade e inclusão. Por meio dessa iniciativa, as organizações têm a possibilidade de desenvolver uma cultura organizacional inclusiva, que valoriza e respeita as diferenças sociais, raciais, de gênero, de orientação sexual e de classe, garantindo a igualdade de direitos a todos os colaboradores. 

Neste texto, vamos explicar como construir um programa de treinamento sobre diversidade e inclusão que seja realmente eficaz e traga benefícios a curto e longo prazo. Confira! 

5 passos para construir um programa de treinamento em diversidade e inclusão

Como você viu, cada vez mais empresas estão demonstrando sua preocupação com a diversidade e inclusão. Porém, mais do que palavras, é preciso transformar esse compromisso em ações concretas. Afinal, a maioria das empresas já percebeu a importância da pauta para sua sustentabilidade econômica e social.

Mas como colocar essa responsabilidade na prática? Para começar, é importante educar toda a equipe. Contudo, essas ações não podem ser pontuais ou feitas de qualquer forma. É importante ter um programa de treinamento bem planejado e executado. Veja a seguir como fazer isso!

1. Entenda as necessidades da sua empresa

Antes de começar seu programa de treinamento, é fundamental entender as necessidades da organização. Isso pode ser feito por meio de pesquisas, entrevistas ou grupos de discussão com os colaboradores. O objetivo é compreender as percepções e experiências dos colaboradores em relação à diversidade e inclusão, identificar lacunas e determinar os temas que devem ser abordados no programa.

Com base nessa avaliação, é possível definir objetivos e metas específicas para o programa. Esses objetivos podem variar desde aumentar a conscientização sobre questões de diversidade e inclusão até promover a igualdade de oportunidades e desenvolver habilidades de liderança inclusiva. É fundamental que esses objetivos sejam mensuráveis e realistas, para que o progresso possa ser acompanhado ao longo do tempo.

2. Encontre os melhores métodos para a sua equipe

O próximo passo é o desenvolvimento do conteúdo do programa de treinamento. O conteúdo deve abordar uma variedade de tópicos relacionados à diversidade e inclusão, desde conceitos-chave, como viés inconsciente, estereótipos e privilégios, até habilidades práticas, como comunicação intercultural, empatia e resolução de conflitos. É importante fornecer exemplos concretos e estudos de caso relevantes para contextualizar os conceitos e promover a compreensão por parte dos participantes.

Além disso, a seleção dos métodos de treinamento é crucial para o sucesso do programa. Existem diversas abordagens que podem ser utilizadas, como palestras, workshops interativos, atividades em grupo, cursos online, estudos de caso e simulações. A diversidade de métodos ajuda a engajar os participantes e a facilitar a aplicação prática dos conceitos aprendidos.

No entanto, é importante ressaltar que um programa de treinamento em diversidade e inclusão não deve ser considerado uma ação pontual. A diversidade e a inclusão devem ser um esforço contínuo e o programa de treinamento deve ser parte de uma estratégia mais ampla. Para criar uma organização mais inclusiva, é fundamental integrar os princípios de diversidade e inclusão nas políticas e práticas da empresa, garantir o envolvimento da liderança e fornecer oportunidades contínuas de aprendizado e desenvolvimento para os colaboradores.

3. Engaje as lideranças 

A liderança desempenha um papel fundamental nos treinamentos. Os líderes devem assumir um compromisso claro com a diversidade, dando todo o apoio para engajar a equipe no programa. Além disso, eles mesmos precisam participar ativamente da capacitação, para entender como podem aumentar a inclusão em suas equipes. 

4. Incentive a colaboração em todo o processo

Também é importante envolver os colaboradores em todo o processo de elaboração e implementação do programa de treinamento. Esse incentivo ajuda a aumentar o engajamento e comprometimento da equipe. Ao mesmo tempo em que fornece percepções valiosas sobre as necessidades e expectativas dos participantes em relação à inclusão na empresa. 

5. Estabeleça métricas de avaliação

Por fim, um programa de treinamento em diversidade e inclusão deve ser acompanhado por medidas de avaliação e monitoramento contínuo. Isso permite que a empresa acompanhe o progresso, identifique áreas de melhoria e faça ajustes necessários ao longo do tempo. A avaliação contínua também é importante para demonstrar o impacto do programa de treinamento e justificar o investimento realizado.

Em resumo, um programa de treinamento em diversidade e inclusão é essencial para construir uma organização mais justa e responsável. Com alguns passos, as empresas podem promover uma cultura de diversidade que beneficia tanto os indivíduos quanto a organização. Se você ainda precisa de ajuda para implementar essas ações, conheça nossa consultoria de diversidade e saiba como podemos te ajudar


Ações afirmativas impulsionam diversidade no mercado de trabalho

O acesso à educação e a oportunidades dignas de trabalho são direitos fundamentais da população brasileira. Mas sabemos que, nem sempre, eles são garantidos. Principalmente quando falamos de grupos minorizados, como pessoas com deficiência, indígenas, negras e LGBTQIA+. Hoje, porém, as ações afirmativas estão mudando esse cenário. 

Uma pesquisa realizada pelo instituto Ethos sobre o perfil social, racial e de gênero das 500 maiores corporações do Brasil escancara que as ações afirmativas são fundamentais para que pessoas negras saiam de trabalhos operacionais e passem para cargos de liderança. E mais, que pessoas trans ganhem mais espaço no mercado de trabalho.

Neste texto, você vai saber mais sobre o que são ações afirmativas e qual o impacto dessa política no acesso ao mercado de trabalho. Além de conferir vai dicas para construir uma empresa mais diversa e igualitária por meio da aplicação dessas ações. Continue a leitura!

O que são ações afirmativas?

As ações afirmativas são iniciativas que buscam reparar as desigualdades sociais e raciais presentes na sociedade. 

Nas empresas, são programas ou políticas que servem como um meio para que as pessoas de grupos historicamente excluídos possam ter as mesmas oportunidades dos profissionais que não fazem parte desses grupos.

Inclusive, é importante destacar que as ações afirmativas têm previsão legal. Esse conceito foi estabelecido pela primeira vez no Brasil por meio da Lei federal nº 12.288, de 20 de julho de 2010, também conhecida como Estatuto da Igualdade Racial.

O Estatuto da Igualdade Racial constitui um marco legislativo para a proteção e promoção da igualdade racial na ordem jurídica brasileira. Seu objetivo central é garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos, difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica.

Outro exemplo de ação afirmativa contemplada por lei, é a que determina a reserva legal de vagas para PcDs em empresas privadas e concursos públicos. Embora esta Lei n° 8.213 tenha sido promulgada em 1991, as pessoas com deficiência ainda encontram entraves para entrar no mercado de trabalho.

Grupos minorizados e ações afirmativas 

Vale ressaltar ainda que os chamados grupos historicamente excluídos, ou simplesmente grupos minorizados, estão longe de ser minoria em termos populacionais. 

Isso porque mesmo que eles nem sempre representem a maioria da população, a quantidade de pessoas pertencentes a esses grupos é bastante significativa, podendo ser maior que a população de alguns estados brasileiros, por exemplo. 

  • Pessoas negras e pardas são maioria no país, assim como mulheres, conforme dados do IBGE;  
  • Cerca de 9% da população se declara pertencente ao grupo de pessoas LGBTQIAP+, segundo pesquisa do Instituto Datafolha. 
  • Até 2060, é previsto que existam cerca de 73 milhões de pessoas com mais de 60 anos no Brasil, conforme projeções do IBGE
  • A Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 do IBGE apontou que existem cerca de 17,2 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil. No entanto, apenas 28,3% das PcDs em idade para trabalhar estavam ativas no mercado. Em comparação semelhante, o percentual das pessoas sem deficiência foi de 66,3%.  

Ações afirmativas no ensino superior

Agora que você já sabe o que são ações afirmativas, vamos entender um pouco mais sobre a evolução dessa política de cotas no ambiente acadêmico e entender a importância dessas medidas. 

Desde o início dos anos 2000, instituições públicas e privadas começaram a implementar cotas de ingresso. Até que em 2012, foi promulgada a Lei nº 12.711, um marco para as ações afirmativas voltadas ao ingresso no ensino superior. A lei foi fundamental para ampliar o acesso de pessoas estudantes de escola pública, negras, pardas e indígenas ao ensino superior. 

Dados produzidos pelo Consórcio de Acompanhamento das Ações Afirmativas (CAA) a partir da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD) do IBGE, mostraram que de 2001 para 2020, o percentual de pessoas negras, pardas e indígenas no ensino superior passou de 31% para 52%. E de pessoas das classes C/D/E passou de 19% para 52%. 

10 anos da Lei de Cotas: o que ela representa?

Em 2022, a Lei de Cotas, como ficou conhecida, completou 10 anos de vigência. 

Em relação aos grupos minorizados, essa lei possibilitou que as pessoas tivessem uma nova perspectiva de carreira. Por exemplo, jovens que antes não viam como possível o ingresso em determinados cursos, tendiam a escolher cursos menos concorridos, numa tentativa de se encaixarem no mercado de trabalho. 

Após a lei, cursos historicamente tidos como menos inclusivos, como Medicina e Direito, foram os que mais avançaram depois das cotas. Além disso, algumas universidades têm expandido a aplicação da lei, incluindo também pessoas trans, por exemplo. 

Desempenho dos estudantes 

Antes de fazermos a conexão fundamental entre esse acesso à educação e o mercado de trabalho, vale a pena quebrarmos um mito que ronda “o que são as ações afirmativas”.

Por exemplo, a ideia de que a entrada de cotistas diminui o nível de desempenho dos estudantes do ensino superior não se comprova. Hoje, diferentes estudos negam essa hipótese.  

Conforme publicação do CAA, o desempenho de alunos e alunas cotistas é equivalente ao dos estudantes não cotistas. E que, além disso, as desigualdades percebidas nas notas obtidas nas provas para ingresso são drasticamente reduzidas ao longo da universidade. 

Impacto das ações afirmativas no mercado de trabalho 

A partir do momento em que as universidades abriram as portas para que pessoas de grupos minorizados pudessem ter mais acesso ao ensino superior, obstáculos de desenvolvimento foram quebrados. 

Muitas pessoas de grupos minorizados, hoje são exemplos de sucesso dessa política. Pois tiveram uma formação superior de qualidade e competências suficientes para conseguirem aproveitar oportunidades e desenvolver suas carreiras. No entanto, ainda há muito para se melhorar. 

Além disso, é impossível negar que todas as pessoas de grupos minorizados ainda precisam enfrentar preconceitos diversos, vieses inconscientes, desconfiança de recrutadores e lideranças nas empresas. 

Conforme uma pesquisa feita pelo portal Vagas.com em 2020, apenas 5% das pessoas negras ocupam cargos de gerência ou diretoria nas organizações. Desse modo, 47,6% permanecem em cargos operacionais, mesmo que em comparação ao grau de instrução em nível superior, por exemplo, essas pessoas tenham praticamente grau de instrução igual ao dos colegas que são pessoas brancas. 

Esses dados nos fazem crer que existem profissionais altamente qualificados para suprirem ações afirmativas em ambientes corporativos. Sendo um mito a ideia de que as pessoas contratadas em vagas afirmativas não estariam qualificadas o suficiente para os cargos, necessitando de mais desenvolvimento após a contratação, por exemplo. 

O que se faz necessário, é a construção de uma cultura organizacional inclusiva nas empresas. De colegas de trabalho conscientes da diversidade, que reconhecem a existência do racismo estrutural e que por isso estão dispostos a se capacitar para lidar com essa realidade. 

Ações afirmativas nas empresas de acordo com instituto Ethos

A pesquisa realizada pelo instituto Ethos sobre o perfil social, racial e de gênero das 500 maiores corporações do Brasil também mapeou as ações afirmativas desenvolvidas por essas empresas.

Ações afirmativas para pessoas com deficiência

Segundo o estudo, a maioria das iniciativas são para aumentar o número de pessoas com deficiência na organização:

  • 93% contam com programas especiais para contratação de PcDs;
  • 60,5% das empresas têm programas de capacitação que visam melhorar a qualificação profissional;
  • 18,6% estabeleceram ações que reduzissem a desigualdade salarial entre pessoas com e sem deficiência.

No entanto, os profissionais PcDs são maioria em cargos operacionais. Inclusive, o estudo mostrou que as ações afirmativas para PcDs nas empresas tendem a ser empregadas no quadro geral de funcionários e poucas são as empresas que investem em políticas para que essas pessoas cheguem a cargos de liderança.

Ações afirmativas para pessoas negras

O estudo mostrou que pessoas negras são o grupo de profissionais que menos contam com ações afirmativas nas 500 organizações entrevistas pelo instituto Ethos:

  • 33,3% contam com programas especiais para contratação de pessoas negras;
  • 55,6% das empresas têm programas de capacitação que visam melhorar a qualificação profissional;
  • 33,3% estabeleceram ações para reduzir a desigualdade salarial entre pessoas negras e não-negras;
  • 11,1% promovem ações para que pessoas negras ocupem cargos de liderança.

A prova disso é que nas empresas entrevistadas apenas quatro empresas do conjunto de 117 que contam com alguma política de diversidade racial, estabeleceram ações afirmativas para ampliar o acesso de profissionais negros nos níveis de supervisão, gerência e quadro executivo.

Empresas que adotam ações afirmativas no Brasil

No mercado brasileiro, há diversos exemplos reais de ações afirmativas nas empresas. Como você viu, a legislação garante hoje a reserva de vagas para pessoas com deficiência. Mas há também programas com o objetivo de promover a diversidade racial e de gênero. 

Google

O Google, por exemplo, estabeleceu a meta de aumentar em 30% a representatividade de profissionais negros em cargos de chefia até 2025. Além disso, lançou o programa Next Step, um estágio que não exigia fluência em inglês, oferecendo um curso intensivo do idioma, ampliando a oportunidade para jovens negros.

Coca-Cola Brasil

Outra empresa engajada em ações afirmativas é a Coca-Cola Brasil, que criou um grupo de Inclusão Racial dentro do Comitê de Diversidade, revisou os processos de recrutamento para contratar profissionais negros em todos os níveis e implementou o programa de Mentoria Reversa, em que profissionais negros atuam como mentores da alta liderança sobre letramento racial. Essas iniciativas visam promover um ambiente de trabalho inclusivo e proporcionar oportunidades de crescimento pessoal e profissional para todos os colaboradores.

Magazine Luiza

A Magazine Luiza também adotou ações afirmativas para ampliar a diversidade racial entre seus líderes. O programa de trainee da empresa é voltado para recrutar negros universitários e recém-formados, com o objetivo de aumentar a representatividade desse grupo. Outras empresas como Bayer, Ambev e P&G também possuem processos seletivos com foco na inclusão racial.

Nubank e Vale

Além da diversidade racial, empresas como Nubank e Vale estão implementando ações afirmativas para promover a diversidade de gênero. O Nubank abriu vagas exclusivas para mulheres cis e trans em sua área de Engenharia de Segurança, buscando aumentar a pluralidade no banco digital. Já a Vale abriu mais de mil vagas exclusivas para mulheres e pessoas com deficiência em seu Programa de Formação Profissional, como parte de sua meta de dobrar a representatividade feminina até 2025. Essas ações visam criar ambientes mais diversos, incentivar a inovação e valorizar a singularidade de cada indivíduo.

Qual é o impacto das ações afirmativas no RH?

O setor de RH tem um papel estratégico para promover a pluralidade cultural e étnica, assim como a diversidade de gênero, crença e outras identidades na empresa. Por isso, as ações afirmativas começam impactando essa equipe no modo como realiza os processos seletivos.

Ou seja, as ações afirmativas vão desde o momento de recrutar pessoas até a permanência nas empresas. Além de elaborar processos seletivos que sejam mais inclusivos, é preciso pensar em ações afirmativas após os colaboradores já fazerem parte da empresa

Pensar em programas de desenvolvimento para melhorar o desempenho dos grupos minorizados, é essencial para permanência e engajamento nas equipes.

Novamente de acordo com uma pesquisa realizada pela plataforma Vagas.com.br, em 2020, uma minoria de trabalhadores negros ocupam cargos de supervisão e diretoria, de média e alta gestão, nas empresas privadas: apenas 0,7%. Já em cargos operacionais, a porcentagem de negros e pardos é de 47,6%.

Esses dados revelam que as ações afirmativas não se resumem apenas a contratar pessoas diversas, é papel do RH pensar em programas, projetos, cursos que possam desenvolver esses colaboradores que fazem parte de grupos minorizados.

Além de pensar em salários que sejam equivalentes para todos sem distinção de cor, raça, gênero e idade.

Como as empresas podem adotar ações afirmativas?

Para promover ações afirmativas no ambiente corporativo, é preciso pensar em práticas de inclusão e diversidade. A seguir, você encontra algumas dicas para ajudar sua empresa nesse processo.

Reformular o recrutamento

Se a sua empresa está implementando ações afirmativas, é fundamental repensar os processos de recrutamento. Desde a divulgação da vaga, é essencial focar nas atividades reais da função, deixando de lado requisitos desnecessários. Além disso, é importante utilizar linguagem inclusiva no anúncio, ressaltando quando forem vagas exclusivas para algum segmento. 

Ao mesmo tempo, ofereça treinamento para a equipe que vai conduzir as entrevistas. Busque eliminar vieses inconscientes e evite perguntas discriminatórias. Se a vaga for exclusiva para mulheres, por exemplo, evite perguntar se elas desejam ser mães. Pois essas posturas podem coagir ou constranger candidatas. Também preste atenção para acolher pessoas trans que usam nome social e PCDs que precisem de alguma adaptação no processo seletivo. 

Observar a inclusão como um processo contínuo

Já falamos por aqui que é importante que o setor de RH e time de líderes saibam o que são ações afirmativas e tenham consciência de que não basta abrir vagas exclusivas para pessoas negras, PcDs ou para comunidade LGBTQIA+. Esse processo deve ser contínuo, possibilitando igualdade e oportunidades para todos e todas.

Processos seletivos mais justos são fundamentais para isso. No entanto, a inclusão não para por aí, pensar em práticas de diversidade e inclusão faz parte da política de ações afirmativas. Assim como pensar em apoiar a formação de grupos de afinidades ou implementar programas de formação de liderança.

Envolver a liderança da empresa

Não podemos esquecer que o setor de RH faz a mediação entre pessoas gestoras, colaboradoras e candidatas que pretendem uma vaga. Sendo assim, essa equipe não pode trabalhar sozinha. Ela depende também da mudança de pensamento e postura da própria organização, passando inclusive por CEO e outros executivos.

Portanto, é importante envolver os gestores com foco na transformação, destacando a intencionalidade de criar de fato uma liderança mais inclusiva, que esteja preparada para abraçar a diversidade.

E quando falamos em abraçar a diversidade estamos nos referindo a sair da zona de conforto, buscando letramento racial e estudando sobre diferenças culturais e outras identidades dos grupos minorizados que destacamos durante o texto.

Investir na retenção e no desenvolvimento profissional

Além de investir em ações para garantir o ingresso de profissionais diversos, é fundamental que eles continuem na empresa. No mesmo sentido, é importante que se sintam valorizados e tenham oportunidade de crescimento. Para isso, a empresa precisa ter planos de carreira bem estruturados. 

A população negra tem um histórico de exclusão social, por isso, esse grupo possui menos acesso a espaços de conhecimento. O mesmo acontece com PcDs que têm mais acesso à educação básica, mas o número de pessoas com deficiências matriculadas tende a cair, à medida que se aumenta o nível de instrução.

Por isso, é fundamental mapear as habilidades e entender as aspirações desses profissionais. Assim, você pode investir em programas de reconhecimento e formação de lideranças diversas. 

Afinal, é preciso que a pessoa queira se tornar um líder, não é mesmo? Há profissionais que preferem atuar como especialistas técnicos. Essas singularidades acerca dos indivíduos a empresa só consegue com escuta ativa das lideranças envolvidas.

Trabalhar datas históricas importantes na empresa

As ações e estratégias afirmativas também podem envolver a abordagem de datas históricas importantes.

Datas importantes como: Dia da Consciência Negra, Dia Internacional da Mulher Negra, Latina e Caribenha, Dia Internacional da Mulher, Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ são relevantes para a população brasileira e devem ser dias de reflexão e homenagens.

É importante mostrar a luta desses povos por dignidade e igualdade, além de reforçar aquilo os desafios que precisam ser superados. E a sua empresa, já adotou ações afirmativas? Se você tiver dúvidas sobre o assunto e quiser saber por onde começar suas políticas de diversidade, equidade e inclusão, entre em contato conosco!

 


O que é um grupo de afinidade e por que a sua empresa precisa de um

Quando falamos da aplicação de políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) nas empresas, queremos uma ação muito além da simples contratação de talentos plurais. É preciso que essas políticas se alinhem às ferramentas que possibilitem uma estrutura de acolhimento, permanência e representatividade nas demandas do ambiente de trabalho.

Assim, o grupo de afinidade é um dos instrumentos que proporcionam a criação de vínculos saudáveis e melhor engajamento entre as pessoas da organização, garantindo a maior permanência desses talentos. Trata-se de uma estratégia de diversidade e inclusão imprescindível, que representa um passo além da obviedade. Você e sua empresa já estão nesse caminho ou querem saber como fazê-lo? Saiba mais no texto abaixo.

O que é um grupo de afinidade?

Como o nome já indica, grupo de afinidade são comunidades de pessoas com interesses e demandas em comum no trabalho. De modo geral, os participantes costumam ter como foco um único e mesmo propósito.

Dessa forma, a influência gerada por esses grupos pode refletir nos aspectos do negócio, nas relações no ambiente de trabalho. Além disso, podem impactar o desenvolvimento de lideranças e o engajamento da empresa no mercado.

Um grupo de afinidade é considerado uma das formas práticas de diversidade, equidade e inclusão. E muitas vezes essas práticas nascem organicamente das pessoas que trabalham na empresa colaboradores como uma necessidade de levar às suas lideranças reivindicações coletivas.

Mas tudo fica mais complicado quando não há apoio de seus líderes e os colaboradores encontram-se abandonados pela organização. O que, certamente, não é o desejo de nenhuma empresa ser conhecida por abandonar seus talentos.

De que maneira se constitui

Os grupos de afinidade são compostos pelos profissionais das corporações que se unem para discutir demandas em comum. Por exemplo, tensões raciais que possam existir no ambiente corporativo são trazidas e debatidas pelas pessoas negras da empresa.

Porém, um dos componentes mais interessantes no grupo de afinidade é a diversidade de diálogos. Ou seja, não é preciso que em um grupo com temáticas raciais tenha somente colaboradores e colaboradoras racializados. Pessoas de outros grupos – conhecidos como aliados –  também podem participar dependendo da decisão do grupo.

Outro ponto importante, são os aspectos positivos oferecidos aos profissionais no momento em que se cria esse canal de comunicação, escuta, pertencimento e acolhimento entre os indivíduos da organização.

Essa abertura proporciona oportunidades plurais e melhores para solucionar problemas no trabalho, além de trazer inovação e liberdade criativa para cada colaborador e colaboradora desenvolver suas habilidades. Tanto para aqueles que já estão estabelecidos na equipe, quanto para os novos talentos que vão entrar.

Grupo de afinidade x comitê de diversidade

Muitas empresas confundem a função de um grupo de afinidade com os comitês de diversidade e acabam tratando esses grupos como departamentos da empresa. 

O comitê é um espaço formal da organização que desempenha um papel estratégico na promoção da diversidade e inclusão. Ele é responsável por planejar, estruturar, executar e acompanhar as ações relacionadas a essas temáticas. Da mesma forma, os comitês costumam ter lideranças definidas, hierarquia e funções específicas para cada membro. Trata-se, portanto, de uma função que acrescenta responsabilidades importantes na rotina de trabalho. 

Diferentemente dos comitês de diversidade, os grupos de afinidade não devem ser confundidos com uma estrutura hierárquica da organização. Tratam-se de espaços de apoio e representação para os profissionais que compõem grupos minorizados.

Muitas vezes as empresas acabam sobrecarregando os grupos de afinidade, atribuindo a eles responsabilidades extras além do propósito original. Isso pode gerar uma carga adicional para os colaboradores minorizados, ao invés de aliviar sua carga de trabalho. 

É claro que os grupos de afinidade podem sugerir e contribuir com ações de diversidade e inclusão. Mas a empresa não pode esperar que esses profissionais sejam os responsáveis por trazer esses insights nem executar as tarefas relacionadas. 

Quais são os objetivos de um grupo de afinidade?

Em uma pesquisa realizada pela Blend Edu, 70% das empresas entrevistadas afirmaram possuir “Grupos de afinidade e diversidade. A pesquisa conta com 45 empresas brasileiras, entre elas Natura, Quinto Andar, RD Station, entre outras. Além disso, o estudo revelou que a prática do grupo de afinidade é uma das ações mais frequentes nos programas de diversidade.

Ainda na pesquisa, a maioria das empresas afirma que o objetivo destes grupos é “conectar pessoas, proporcionando um ambiente de troca”. Em seguida, 82% delas afirmam que o objetivo do grupo de afinidade é validar ações do programa de D&I. Já 61% acreditam que esses grupos ajudam a realizar ações para engajar os líderes, e para 41% o objetivo é realizar ações para atrair talentos diversos.

Segundo a pesquisa, podemos perceber que os objetivos do grupo de afinidade são diversos, mas que contribuem para maior produtividade, retenção de talentos e mais diversidade para as empresas.

Grupos de afinidade possíveis

Se estamos falando de diversidade nas empresas, seria leviano demais pensar que os grupos de afinidade se reduzem a alguns nichos. As singularidades que definem cada pessoa e cada grupo são inúmeras. Até porque as pessoas são intersecções de diversas experiências.

Por conta disso, existe uma variedade de grupos de afinidade e todas eles merecem atenção:

  • Grupo de afinidade: diversidade sexual, olhando paras as questões LGBTQIAP+;
  • Grupo de afinidade: Pessoas com Deficiência (PcD);
  • Grupo de afinidade: mulheres;
  • Grupo de afinidade: pessoas negras/ diversidade Racial;
  • Grupo de afinidade: pais ou mães.

É fundamental que empresas que buscam ter uma cultura organizacional mais plural, diversa e inclusiva olhem para essas comunidades como ferramentas-chave para promover uma rede maior de contato entre seus colaboradores e seus interesses. Assim como, garantir o compartilhamento e a troca de conhecimento e ideias com clientes e o mercado de trabalho.

Por que minha empresa deveria investir

Um dos motivos para investir em grupos de afinidade na sua empresa é a estrutura que essas comunidades proporcionam para o desenvolvimento corporativo.

Pode até ser que a sua marca tenha uma cultura organizacional bem desenhada, alinhada às pautas de diversidade, equidade e inclusão. Mas, a estrutura disso tudo não oferece apoio e ferramentas coerentes às demandas de seus colaboradores.

E de que forma essas comunidades vão contribuir para uma cultura mais inclusiva na sua empresa?

Ambiente corporativo mais harmonioso e com mais engajamento

As organizações que se dedicam em criar grupos de afinidade, oferecem aos seus talentos diversos espaços e liberdade para desenvolverem atividades no ambiente de trabalho de maneira harmoniosa. Por consequência, os vínculos são desenvolvidos e o engajamento da liderança com seus colaboradores e clientes aumenta. Tudo isso promove o bem-estar no trabalho e impacta positivamente na saúde dos colaboradores. 

Vínculos de amizade são criados e facilmente fortalecidos

O artigo “Are you engaged at work? The importance of Friendship and Employee resource group”  publicado na Forbes ressaltou a importância de existirem laços de amizade em ambientes corporativos. A reportagem ressaltou ainda os dados da pesquisa Software Advice, segundo o estudo 65% das pessoas entrevistadas  relataram que os grupos de afinidade tinham um impacto super positivo no trabalho.

Acolhimento e pertencimento nítido

Além do fortalecimento dos laços criados, o profissional que entra em uma empresa comprometida com questões de diversidade e investe nessas comunidades, têm o sentimento de pertencimento mais nítido e forte. Pertencimento e acolhimento são elementos importantíssimos para profissionais que se identificam como grupos minorizados.

Desenvolvimento de potenciais lideranças

Havendo mais liberdade, espaço e oportunidade para as pessoas desenvolverem sua criatividade e seus trabalhos, as chances de habilidades de liderança serem descobertas são grandes.

Empresas que investem nos grupos de afinidade possuem ambientes de trabalhos impulsionadores, promovendo mudanças em sua cultura organizacional. Uma organização com gestores e lideranças inclusivas.

É perceptível o impacto positivo no desenvolvimento e performance inovadora das empresas no mercado. Além dos valores novos que se agregam e abraçam novos clientes e prospects.

Como iniciar um grupo de afinidade?

1 – Ofereça um canal seguro de comunicação entre todos

Nada mais desconfortável do que saber que sua equipe não se sente bem e segura para compartilhar suas ideias e reivindicações. Por isso, é fundamental que sua empresa proporcione espaços seguros que deem visibilidade aos diversos grupos de afinidade presentes.

Criando canais de comunicação, permitindo assim um fluxo de informações entre a liderança e sua equipe de colaboradores e colaboradoras. Por exemplo: grupo de mensagens, e-mails, encontros em que todos estejam dispostos a ouvir os representantes de cada comunidade.

2 – Dialogue com representantes dos grupos e construa em conjunto

Boas lideranças respeitam e escutam o que seus colaboradores têm a dizer. Com os grupos de afinidade não seria diferente. É super importante que as diferentes perspectivas trazidas por cada representante de cada grupo seja ouvida.

Não só estabelecer um diálogo separado com cada comunidade, mas interseccionar os diálogos. Criar uma conexão entre eles e a liderança para que a discussão de cada grupo possa ser pensada em ações conjuntas. Fortalecendo assim, a cultura da empresa.

Os diálogos podem facilitar a identificação de problemas internos e externos. Desta forma, outros caminhos para novas ações afirmativas necessárias na empresa podem ser apresentados.

3 – Ofereça recursos e treinamentos

Porém, estimular o engajamento nos grupos de afinidade não é suficiente se eles não tiverem recursos e apoio institucional. Para garantir a efetividade desses grupos, é importante que as empresas ofereçam a infraestrutura necessária para as ações.

Além disso, é importante entender que nem sempre os colaboradores dos grupos de afinidade possuirão todos os conhecimentos técnicos e conceituais sobre diversidade.  Portanto, investir em treinamentos, cursos, palestras, workshops e colaboração em rede é essencial para capacitar toda a equipe. Essas formações devem incluir referências do mercado, permitindo que os colaboradores adquiram novos conhecimentos e se atualizem sobre os temas pertinentes à diversidade e inclusão.

Marcas já contam com grupos de afinidade

Algumas marcas grandes no mercado já contam com a forte presença de grupos de afinidade. São empresas que entenderam a importância de dar voz, estrutura e visibilidade para a diversidade de seus talentos.

BASF

A BASF é uma das marcas globais que fomenta o senso de comunidade na gestão e desenvolvimento de seus profissionais. Ela conta com diversos tipos de grupos de afinidade, dentre eles:

  • Be Different (Grupo de Pessoas com Deficiência);
  • BYOU – Be Yourself at BASF (Grupo de Diversidade Sexual);
  • BIG – Black Inclusion Group (Grupo de Diversidade Racial);
  • WIB – Women in Business (Grupo de Mulheres da BASF);
  • RD (RD Station).

A RD é uma das maiores plataformas de marketing digital e vendas no Brasil. E assim como muitas outras marcas, o grupo de afinidade é parte da estratégia de inclusão e diversidade da empresa.

Preto no Preto

  • RDSum (comunidade com demandas para pessoas com deficiência);
  • SER (busca o fortalecimento da Sororidade, Empoderamento e Respeito entre mulheres);
  • Pride to Be (questões LGBTQIAP+);
  • RDMoms (enfoque da comunidade de mãe profissionais da empresa, fortalecendo as pautas de maternidade);

NuBank

A NuBank tem sido uma das maiores marcas no Brasil a engajar pautas raciais em sua cultura organizacional. Para quem acompanha as redes sociais da empresa, consegue ver a presença forte em posicionamentos, como no caso do #VidasNegrasImportam no movimento internacional BLM (Black Lives Matter) de 2020.

O NuBlacks  é o grupo de afinidade de pessoas negras da NuBank. É um espaço que proporciona o compartilhamento de pautas raciais e experiências vividas por cada colaborador e colaboradora. Oferecendo acolhimento, troca de conhecimento ligados à cultura afro e debates mais amplos sobre diversidade.

Quer saber mais sobre ações de diversidade nas empresas? Leia o artigo: Diversidade nas empresas: 5 razões para você criar uma política de diversidade.


Assédio moral e sexual: o que diz a lei e como se proteger no ambiente de trabalho

O ambiente de trabalho é um local de convivência e realização profissional. Mas também pode ser cenário para violências que, muitas vezes, passam despercebidas: o assédio moral e sexual. 

Nos últimos cinco anos, as denúncias de assédio sexual cresceram 63,7%, segundo levantamento divulgado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Enquanto isso, uma pesquisa da médica Margarida Barreto mostrou que cerca de 42% dos trabalhadores já foram vítimas de assédio moral em algum momento da vida. Ou seja, os casos de assédio são muito comuns e precisam ser combatidos com urgência. 

Esses crimes afetam principalmente as mulheres, que já enfrentam inúmeros desafios no mercado de trabalho. Somando isso à discriminação racial, percebemos que as mulheres negras são as mais afetadas por esse problema. Então é importante também destacar os componentes de gênero e raça, ainda que todas as pessoas possam ser vítimas desse tipo de abuso. 

Neste artigo, vamos entender melhor o que são esses tipos de assédio e quais medidas podem ser tomadas para combatê-los. Confira!

Assédio moral e sexual: o que diz a lei?

O assédio sexual é definido pelo Código Penal como uma forma de “constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual” usando de sua condição hierárquica no trabalho. Existem também projetos em tramitação que buscam criminalizar o assédio mesmo quando ele é cometido por colegas que estão no mesmo nível hierárquico da vítima. Alguns exemplos de assédio sexual incluem:

  • conversas indesejadas sobre sexo;
  • piadas de teor sexual;
  • contato físico não desejado;
  • ameaça ou chantagem para obter vantagens sexuais;
  • pressão para participar de encontros;
  • solicitação de favores sexuais, entre outras atitudes.  

O assédio moral também é uma forma de violência no trabalho e pode ser considerado crime, desde a aprovação do Projeto de Lei (PL) 4742/2001, em 2019. Pelo texto, o assédio moral é caracterizado por “ofender continuamente a dignidade de alguém, causando-lhe dano ou sofrimento físico ou mental, por conta do exercício de emprego, cargo ou função”. 

É importante destacar que o assédio moral pode ocorrer entre funcionários, do funcionário para o patrão ou superior hierárquico e vice-versa. Segundo a interpretação da lei, há quatro situações que podem ser enquadradas como assédio moral: 

  • vertical descendente: quando o colaborador em nível hierárquico mais alto pratica a violência contra subordinados;
  • vertical ascendente: quando o subordinado pratica o assédio contra seu superior;
  • horizontal: praticado por colaboradores em mesmo nível hierárquico, não havendo relações de subordinação;
  • misto: quando há um assediador vertical e horizontal.

Quais as consequências do assédio moral e sexual?

As consequências do assédio moral e sexual no ambiente de trabalho podem ser graves e duradouras. Os impactos são tanto para a vítima quanto para a organização. Para a vítima, o assédio pode levar a diversos problemas de saúde, como ansiedade, depressão e distúrbios do sono, entre outros. Além disso, pode afetar a autoestima, a motivação e a produtividade no trabalho. 

Já para a organização, as consequências incluem a perda de talentos, a diminuição do engajamento e da produtividade dos funcionários. Além da possibilidade de processos judiciais e danos à reputação da empresa.

Punições para quem pratica assédio moral e sexual

Outro aspecto importante é que o assédio moral e sexual são condutas que afrontam direitos fundamentais. Por isso, as empresas têm o dever de garantir um ambiente de trabalho saudável e livre de discriminação. A legislação prevê sanções para empresas que não combatem essas práticas, incluindo multas e até a suspensão das atividades. Portanto, é fundamental que as empresas adotem medidas preventivas e de combate ao assédio, promovendo a conscientização e o respeito aos direitos dos trabalhadores.

No Brasil, o assédio sexual é considerado crime e pode resultar em detenção de um a dois anos. Além disso, o empregador pode ser responsabilizado civilmente pelo assédio cometido por seus funcionários e ser condenado a pagar indenização à vítima.

Em relação ao assédio moral, os responsáveis podem pegar de um a dois anos de prisão mais o pagamento de multa. Ao mesmo tempo, as empresas podem ser condenadas a pagar indenização às vítimas. A penalização dos assediadores é um importante instrumento para coibir esse tipo de violência e garantir um ambiente de trabalho saudável e seguro para todos.

Como combater o assédio moral e sexual?

O combate ao assédio moral e sexual no ambiente de trabalho é uma responsabilidade de todos. Em casos de assédio, é muito importante romper o silêncio e buscar ajuda. Para as vítimas, algumas medidas importantes incluem:

  • anotar detalhadamente todas as situações de assédio, com referência a data, horário, local, nome do agressor, nome de testemunhas, descrição dos fatos, como forma de coleta de provas; 
  • dividir o problema com colegas de trabalho ou superiores hierárquicos de confiança;
  • compartilhar a situação com pessoas próximas, como amigos e familiares;
  • denunciar situações de assédio ao time de RH e aos órgãos competentes;
  • procurar ajuda psicológica e médica, se necessário.

No caso do assédio sexual, é comum que as situações de constrangimento não tenham testemunhas. Nesses casos, é importante guardar mensagens, bilhetes, presentes e outras formas de prova. Porém, vale ressaltar que, mesmo sem evidências, os casos devem ser acolhidos pela empresa e pela Justiça. Pois, nessas situações, os assediadores costumam não deixar rastros de suas ações. 

Código de conduta

Além disso, é fundamental que as empresas tenham políticas claras de combate ao assédio moral e sexual e que os funcionários sejam treinados para identificar e denunciar essas práticas. Um bom código de conduta, por exemplo, deve reforçar a seriedade deste assunto. O ambiente de trabalho deve ser seguro e acolhedor para todos, sem discriminações e violências

Acolhimento de denúncias

As empresas também devem estar preparadas para lidar com as denúncias de assédio de forma séria e efetiva, oferecendo apoio às vítimas e adotando medidas disciplinares contra os agressores. É importante que os colaboradores se sintam seguros para denunciar, sem medo de represálias ou de perder o emprego. 

Além disso, é importante ter canais de denúncia bem divulgados entre a equipe. Assim como processos bem definidos para investigar assediadores e acolher as vítimas. 

Conscientização da equipe

Outra questão relevante é a importância da educação e da conscientização sobre o tema. É fundamental que as pessoas entendam o que é o assédio moral e sexual, quais são suas consequências e como combatê-lo. Isso pode ser feito através de campanhas de conscientização, cartilhas e palestras. 

Além disso, ter uma equipe diversa pode ajudar a construir um ambiente mais aberto e transparente, que combata essas práticas e permita denúncias caso elas ocorram. 

Em resumo, o assédio moral e sexual no ambiente de trabalho é uma realidade que afeta muitas pessoas, principalmente mulheres. É fundamental que sejam tomadas medidas para combater essas práticas, incluindo a denúncia, o suporte às vítimas e a conscientização da sociedade sobre o tema. O ambiente de trabalho deve ser um local seguro e acolhedor para todos, sem violências. 

Por isso, se você precisa de apoio para construir políticas de combate à discriminação, veja como funciona o trabalho de uma consultoria de diversidade e entenda como podemos ajudar!


Injúria racial no trabalho: como combater esse crime

A injúria racial é um problema que persiste no mercado de trabalho e que causa grande impacto na vida dos profissionais. Esse tipo de conduta é caracterizada por ofensas verbais, gestos ou comportamentos preconceituosos que atingem a honra e a dignidade da vítima.

Apesar de a legislação brasileira proibir práticas discriminatórias no mercado de trabalho, essas situações ainda são uma realidade. Dados do Observatório da Diversidade e da Igualdade de Oportunidades no Trabalho da Smartlab mostram que homens e mulheres negros recebem, em média, salários menores que os brancos. 

O estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, produzido pelo IBGE, também revelou que a população preta ou parda é maioria na população desocupada e subutilizada. Além de representar a maioria dos trabalhadores informais.

O ambiente de trabalho deve ser um lugar livre de preconceitos, onde a diversidade é valorizada e respeitada. Infelizmente, muitas organizações ainda falham em garantir esse ambiente inclusivo. Neste texto, vamos abordar a diferença entre injúria racial e racismo, as penalidades para cada um desses crimes e o que as empresas antirracistas podem fazer para evitar essas situações. Saiba mais a seguir! 

Qual a diferença entre racismo e injúria racial no trabalho?

Antes de tudo, é importante entender a tipificação jurídica do racismo e da injúria racial. Nós sabemos que a origem de ambos está no racismo estrutural, mas existem algumas diferenças legais que podem alterar a forma como as empresas tratam os casos. Veja a seguir!

Injúria racial

A injúria racial é um crime previsto no artigo 140 do Código Penal Brasileiro. O ato consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, etnia, religião ou origem. 

Em outras palavras, a injúria racial é uma forma de ofensa pessoal que se dá pelo preconceito em relação à raça ou origem da pessoa, e não pela sua conduta ou comportamento. Piadas, comentários ou xingamentos baseados em raça, etnia ou origem, por exemplo, podem se enquadrar aqui. 

Racismo

Já o racismo é um crime previsto na Lei nº 7.716/89. Segundo a lei, o racismo é uma forma mais grave de discriminação, quando há negação de direitos fundamentais de uma pessoa ou grupo por motivos raciais. Ou seja, podem ser enquadrados no crime de racismo situações em que uma pessoa é impedida de acessar um local ou ser contratada para uma vaga por causa de sua raça. 

Penalidades

As penalidades para a injúria racial e o racismo são diferentes. A injúria racial é considerada um crime de menor potencial ofensivo. Portanto, a pena prevista é de detenção de um a três anos e multa. 

Enquanto o racismo é um crime mais grave. Por isso, a pena prevista é de reclusão de dois a cinco anos e multa. Em ambos os casos, a vítima pode mover uma ação de indenização por danos morais e materiais contra o agressor.

Na Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) também há artigos que proíbem qualquer tipo de discriminação. De acordo com a legislação, as empresas não podem pagar salários diferentes para funcionários que exercem a mesma função. Além disso, as organizações são proibidas de recusar candidatos por causa de sua raça ou etnia. Exceto, é claro, nos casos de ações afirmativas para grupos minorizados. 

Quais as consequências para empresas acusadas de injúria racial no trabalho?

Quando uma empresa é acusada de racismo ou injúria racial, ela pode enfrentar várias consequências legais e financeiras. As penalidades podem incluir multas, indenizações às vítimas e ações civis públicas movidas pelo Ministério Público do Trabalho. 

A empresa pode sofrer ainda sanções econômicas, como a perda de contratos e a exclusão de programas governamentais. Além disso, a organização pode perder funcionários talentosos e ter dificuldades em atrair novos talentos, caso sua reputação seja afetada.

Muitas ocorrências de racismo no trabalho também podem ser consideradas como assédio moral, segundo a Justiça do Trabalho. Embora não haja uma lei específica para lidar com esse tipo de situação no setor privado, há várias decisões judiciais que reconhecem que práticas desse tipo violam a dignidade humana. 

Como lidar com situações de injúria racial no trabalho?

Como você viu, a injúria racial no trabalho é um problema sério, que pode causar muitos danos à saúde mental das vítimas. Ao mesmo tempo, em que traz sérias consequências para as empresas acusadas. Por isso, é muito importante ter políticas e processos claros para lidar com essas situações. 

Estabeleça um código de conduta

O primeiro passo para lidar com situações de injúria racial no trabalho é ter um código de ética bem estruturado. Esse documento orienta as pessoas colaboradoras sobre quais comportamentos são inaceitáveis e quais as possíveis consequências. Ao mesmo tempo, ele garante a isonomia dos processos de investigação e dá mais segurança ao RH. 

No documento, é importante reforçar que mesmo comentários vistos como piada são ofensivos e não serão tolerados. Afinal, muitos apelidos e comentários racistas acabam sendo tratados como inofensivos por quem os comete. Mas sabemos que não é bem assim. Esse tipo de fala reproduz padrões racistas e deve ser evitada. 

Junto ao código de conduta, também é fundamental que a empresa tenha um canal de denúncias anônimas. Essa ferramenta garante que as vítimas possam relatar o que sofreram sem medo de represálias. 

Nessas situações, a segurança das informações é fundamental, pois garante que os profissionais vão se sentir seguros e acolhidos. Além disso, o canal de denúncias pode ajudar a prevenir futuros incidentes. Já na hora de conversar com as vítimas, lembre-se de exercer a escuta ativa e procure ter empatia, mesmo que você não entenda de imediato o que ela sofreu. 

Aplique a punição adequada

Depois de entender os fatos e avaliar as implicações jurídicas, a empresa pode aplicar as punições devidas, como advertência, suspensão ou até demissão com justa causa, se o profissional for reincidente. Principalmente em caso de demissão, é importante que a organização reúna provas e seja orientada por uma equipe jurídica. 

Se a decisão for de manter o funcionário na equipe, é importante que ele passe por um processo de educação. Esse é um esforço delicado, mas importante para promover uma convivência saudável e respeitosa entre todos.

Caso a empresa não tome nenhuma atitude, ela pode ser responsabilizada judicialmente. Além disso, o impacto na saúde mental e na produtividade de toda a equipe pode ser muito grande. 

Eduque toda a equipe

Prevenir situações de racismo no ambiente de trabalho é uma tarefa de toda a equipe. Assim, as ações educativas não podem ser limitadas a situações pontuais. É importante discutir o letramento racial e fortalecer profissionais negros para denunciarem esses casos.

Para isso, você pode investir em palestras, cursos, mentorias, workshops, campanhas internas e outros formatos. Também pode ser interessante criar grupos de afinidade para que os próprios colaboradores discutam ações dentro da organização. 

Em geral, é importante que as organizações tenham políticas claras sobre como lidar com casos de racismo e injúria racial no trabalho. Incluindo um canal para denúncias e processos para investigar e lidar com essas denúncias. Só assim é possível realmente construir um ambiente antirracista e que presa pelo bem-estar de todos

Se você precisa de ajuda para construir essa estratégia, entenda como uma consultoria de diversidade pode ajudar o seu negócio!


Como incluir a diversidade no planejamento do RH estratégico

Nos últimos anos, o setor de RH deixou de ser apenas uma área burocrática e operacional. Hoje, o RH estratégico atua em conjunto com as outras áreas da empresa, sendo parte importante do planejamento e dos objetivos que ela deseja atingir. Mas alcançar esses objetivos envolve um trabalho em várias frentes. Sendo uma delas, a área de diversidade e inclusão

A diversidade tem sido uma preocupação constante no mercado e na sociedade. Por isso, é importante que o RH esteja no centro desta transformação dos ambientes de trabalho. Afinal, o foco do time é garantir o sucesso das empresas por meio de colaboradores engajados e felizes. 

Alguns estudos já mostram que, quando uma companhia foca na inclusão, ela aumenta tanto a motivação quanto a produtividade dos funcionários, de forma geral. Mas as vantagens vão além. Empresas diversas são mais inovadoras e até mais lucrativas. Por isso, um RH estratégico precisa de um olhar sensível para essas questões. 

Neste artigo, vamos explicar melhor o que significa um RH estratégico e quais as vantagens de aliar esse time ao debate sobre inclusão. Além de mostrar dicas práticas para incluir ações de promoção da diversidade no planejamento da equipe. Boa leitura! 

O que é o RH estratégico?

O RH estratégico é uma abordagem moderna de gestão de pessoas que tem o objetivo de alinhar as práticas do RH com a estratégia da organização como um todo. Essa nova forma de trabalho busca aumentar a eficiência, a produtividade e a competitividade da empresa. 

Hoje, existem várias políticas, processos e ferramentas que ajudam a otimizar o trabalho do RH estratégico. Mas muita gente confunde o termo e acha que se trata apenas de automatizar a gestão de pessoas. Pelo contrário, esses recursos servem para que o time possa investir mais tempo nos colaboradores, na cultura organizacional e na promoção do bem-estar no trabalho.

Ou seja, o RH estratégico é extremamente importante para a empresa, pois permite que a organização tenha uma equipe de alta qualidade e engajada, que seja capaz de alcançar os objetivos da empresa e lidar com as mudanças do mercado. Trata-se de uma abordagem de gestão que usa a tecnologia, mas coloca as pessoas no centro. 

Por isso, a relação entre o RH estratégico e a diversidade é tão importante. Afinal, a inclusão é um dos pontos essenciais quando falamos em captar e reter talentos. Além disso, empresas alinhadas com sua responsabilidade social costumam oferecer um ambiente de trabalho mais agradável e com mais propósito, o que impacta na inovação e na produtividade. 

Quais as vantagens de incluir a diversidade no planejamento do RH estratégico?

A diversidade e inclusão são cruciais para o sucesso de uma empresa. Não apenas por ser a coisa certa a se fazer, mas porque há benefícios financeiros e de negócios envolvidos. De acordo com um estudo da McKinsey & Company, empresas que possuem diversidade étnica e racial têm 35% mais chances de ter rendimentos acima da média do seu setor. Já quando falamos em diversidade de gênero, essa porcentagem é de 15%.

O mesmo estudo também apontou que nos Estados Unidos, para cada 10% de aumento na diversidade étnico-racial na equipe de executivos, os lucros aumentam 0,8%. A diversidade traz uma ampla gama de perspectivas e experiências, que podem levar a soluções inovadoras e criativas.

Outra grande vantagem é a retenção de colaboradores. Um ambiente diverso tende a aumentar a satisfação das equipes, tornando-as mais engajadas. Além disso, a diversidade melhora a comunicação na equipe, diminuindo os desentendimentos e aumentando a colaboração e o desempenho.

Promover a diversidade também tem um impacto positivo na reputação da empresa. Organizações que possuem princípios de inclusão e diversidade são percebidas pelo público como modernas e abertas às mudanças, o que pode atrair clientes e parceiros comerciais. A diversidade aumenta a competitividade da empresa, pois pessoas diversas são capazes de compreender melhor públicos diferentes e acessar novos mercados.

Além disso, a convivência com pessoas diversas no ambiente de trabalho ajuda a combater preconceitos e estereótipos, reforçando uma cultura corporativa mais consciente.

Como incluir ações de inclusão na estratégia do RH?

A inclusão da diversidade na estratégia do RH é fundamental para garantir um ambiente de trabalho mais inclusivo e equilibrado. Com algumas mudanças, é possível valorizar os colaboradores e promover uma transformação cultural da organização. Mas, como fazer isso na prática? Confira abaixo algumas dicas.

Conheça o público interno

É importante conhecer o público interno da empresa, entendendo suas necessidades, expectativas e desafios. O RH deve ter um olhar atento para as diferenças e particularidades de cada colaborador, desenvolvendo ações que respeitem as individualidades e incentivem a inclusão e a diversidade.

Promova a diversidade na contratação

A inclusão começa desde o processo de contratação. É importante valorizar a diversidade ao buscar candidatos de diferentes origens e perfis, que possam contribuir para um ambiente mais inclusivo. É fundamental também que o recrutamento seja baseado em critérios técnicos e competências. Por aqui, já explicamos como os vieses inconscientes podem atrapalhar. 

Invista em treinamentos e capacitações

A capacitação e o desenvolvimento profissional são importantes para a inclusão e a diversidade no ambiente de trabalho. É importante investir em treinamentos que promovam a igualdade de oportunidades e o respeito às diferenças, buscando sensibilizar os colaboradores sobre a importância da inclusão e da diversidade.

Crie programas de mentoria

Programas de mentoria são uma forma de promover a inclusão, oferecendo oportunidades de desenvolvimento para os grupos minorizados. A mentoria pode ser uma ferramenta importante para o aprimoramento de habilidades e competências, bem como para o fortalecimento do networking entre os colaboradores.

Faça avaliações de clima organizacional

As avaliações de clima organizacional são importantes para entender como os colaboradores se sentem em relação à empresa. Essa ferramenta ajuda a identificar pontos de melhoria e ações que podem ser desenvolvidas. É importante ouvir a opinião dos colaboradores, valorizando suas contribuições e promovendo mudanças efetivas.

Por meio dessas ações, é possível transformar o ambiente de trabalho em um espaço mais inclusivo e equilibrado. O RH estratégico tem o poder de promover a transformação cultural das organizações, tornando-as mais inclusivas, produtivas e sustentáveis. Espero que essas dicas ajudem o seu negócio. Saiba mais sobre o assunto no nosso artigo 8 formas práticas de criar ações de diversidade e inclusão nas empresas


Como pensar no desenvolvimento de pessoas após o recrutamento

Quando uma empresa valoriza e promove a diversidade e inclusão, no que diz respeito a aspectos como etnia, raça, deficiências, gênero, orientação sexual, idade e outros grupos minoritários, ela está abrindo espaço para que pessoas com diferentes origens, experiências e perspectivas possam contribuir para o sucesso da organização. Pensar no desenvolvimento pessoal delas é fundamental, já que muitas vezes enfrentam desafios e barreiras que podem limitar suas oportunidades e experiências profissionais.

Em um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de 2022 sobre a participação das mulheres negras no mercado de trabalho mostram que elas têm menores chances de serem contratadas e taxas de desemprego e informalidade são mais altas quando comparadas a pessoas brancas. O estudo também mostra que, em média, pessoas negras têm salários menores do que outros grupos da pesquisa, mesmo quando consideradas variáveis como idade, gênero, escolaridade e experiência profissional.

Estes dados provam que organizações que promovem a diversidade e inclusão devem reconhecer os desafios e adotem estratégias de desenvolvimento pessoal para garantir que todos tenham as mesmas oportunidades de crescimento e aprendizado. Veja como funciona o desenvolvimento pessoal, sua importância para as organizações e como capacitar colaboradores racializados. 

O que é desenvolvimento de pessoas? 

O desenvolvimento de pessoas é um conjunto de práticas que tem como objetivo aprimorar os conhecimentos, habilidades e atitudes da pessoa colaboradora, a fim de que ela possa alcançar seus objetivos de carreira a médio e longo prazo. Esse é um processo contínuo, no qual busca o aperfeiçoamento tanto as competências técnicas, conhecidas como hard skills, quanto as comportamentais, chamadas soft skills, para que a pessoa colaboradora possa ter cada vez mais ter eficiência em sua função e em seus projetos executados.

Algumas vezes, há uma mistura de conceitos do desenvolvimento pessoal com treinamento, e embora ambos busquem melhorar o desempenho da equipe, e sejam complementares, o desenvolvimento e o treinamento são processos distintos. Enquanto o treinamento está focado em capacitar a pessoa colaboradora a atingir uma competência específica de forma pontual e de curto prazo, o desenvolvimento tem uma abordagem mais ampla, acompanhando a jornada da pessoa colaboradora na empresa de maneira contínua e desenvolvendo suas habilidades de acordo com seu plano de carreira.

Segundo Chiavenato*, um dos principais teóricos da área organizacional, o desenvolvimento de pessoas envolve um conjunto de experiências que proporcionam oportunidades para o crescimento e desenvolvimento profissional, ou seja, está mais focado no futuro de carreira da pessoa colaboradora, e não apenas em seu cargo atual.

Exemplo de ações de desenvolvimento de pessoas 

O processo de desenvolvimento é então uma prática constante, presente desde o processo de entrada até o momento de saída da pessoa colaboradora da empresa. E é composto por diversas ações e atividades, como treinamentos, mentorias, rotações de cargo, entre outras iniciativas que podem variar de uma organização para outra. As ações devem ser baseadas conforme a cultura ou que melhor se adéquam às suas necessidades de cada empresa. Veja alguns exemplos: 

Avaliação de desempenho

Essa é uma das ferramentas de desenvolvimento de pessoas, que busca analisar o desempenho das pessoas colaboradoras através das suas competências técnicas e comportamentais. Deve se levar em conta a função e o cargo que a pessoa executa durante um determinado período específico. As avaliações de desempenho são realizadas periodicamente, podendo ser uma vez por ano ou a cada seis meses, e são conduzidas por meio de metodologias, que podem variar conforme a empresa e a cultura organizacional.

Treinamentos técnicos

São ações de curto ou médio prazo no formato de cursos, workshops e outras atividades focadas em aprimorar as habilidades e competências técnicas das pessoas colaboradores, como, por exemplo: técnicas de vendas e negociação para equipes comerciais.

Treinamentos comportamentais 

Também de curto prazo, são cursos que buscam melhorar a performance em caráter comportamental, como liderança, comunicação, trabalho em equipe, resolução de conflitos, entre outras.

Aprendizagem prática 

É uma abordagem de ensino colocar as pessoas colaboradoras em situações reais de trabalho, permitindo que elas experimentem e aprendam com seus próprios erros e sucessos. Geralmente a aprendizagem contínua é realizada em conjunto com treinamentos técnicos e programas de mentoria. 

Rotação de cargos

É a prática de movimentar colaboradores entre diferentes cargos e áreas, esse processo de desenvolvimento, da oportunidade de pessoas colaboradores conhecer diferentes áreas da empresa, utilizar suas melhores competências em algo mais específico, ou ainda desenvolver novas habilidades em diferentes funções e cargos. 

Estes são apenas alguns exemplos, existem inúmeras ações de desenvolvimento pessoal, que devem ser colocadas em prática a partir da cultura e necessidade de cada organização, podendo personalizar e até criar novas formas de capacitação.  

A importância do desenvolvimento de pessoas nas organizações 

As pessoas colaboradores são o principal capital de uma organização, a valorização delas é um dos fatores essenciais para que as empresas se mantenham cada vez mais competitivas no mercado. O desenvolvimento de pessoas é um destes fatores, e tem se tornado cada vez mais estratégico para as empresas, gerando efeitos positivos na cultura organizacional, como:

Colaboradores mais felizes e produtivos: 

A capacitação constante das pessoas colaboradoras favorece para que sintam cada vez mais motivadas e engajadas e possam desempenhar suas atividades cada vez mais com maior eficiência, gerar mais resultados e contribuir para o crescimento da empresa. 

Atração e maior permanência na empresa 

O investimento em desenvolvimento pode ser uma forma de atrair e reter talentos, uma vez que colaboradores valorizam oportunidades de crescimento e desenvolvimento na carreira.

Fortalecimento da Marca

Pessoas colaboradoras que, estão atualizadas, estão consequentemente mais preparadas para lidar com novos desafios e demandas que possam surgir, e ajudar a empresa a se adaptar às mudanças do mercado e a se manter competitiva.

Maior inovação e crescimento 

Colaboradores que tem suas habilidades, competências e conhecimentos constantemente desenvolvidos, tendem a assumir novas responsabilidades e trazer novas ideias e soluções criativas, contribuindo para o crescimento e expansão da organização

Como manter o desenvolvimento de pessoas colaboradoras racializadas? 

O primeiro passo no desenvolvimento de pessoas negras na organização é entender o contexto e a vivência delas no Brasil, em sua maioria esses profissionais possuem trajetórias de carreira diferentes das demais pessoas colaboradoras. 

Por esse motivo, ao pensar em processos de capacitação, é necessário quebrar as barreiras do racismo estrutural e promover ações para toda empresa de empoderamento e autoconhecimento racial em conjunto com o aperfeiçoamento das habilidades técnicas e comportamentais de colaboradores negros. O desenvolvimento pode ser adquirido de diversas formas, algumas delas são: 

  • Acompanhamento e suporte: A empresa deve oferecer acompanhamento e suporte para que pessoas se sintam acolhidas e incluídas desde o início. É importante que haja um mentor que possa orientá-las e ajudá-las a se adaptarem ao ambiente de trabalho. 
  • Programas de mentoria: são programas onde pessoas mais experientes e qualificadas oferecem orientação, aconselhamento e suporte a pessoas que querem se desenvolver em uma área específica, mas ainda não possui conhecimento na função.  
  • Incentivo à participação em projetos: uma forma de promover o constante desenvolvimento de habilidades e competências, é incluindo pessoas a participarem de projetos para executar e compartilhar suas ideias e opiniões, isso pode aumentar a visibilidade dessas pessoas. É necessário este, deve ser um ambiente seguro e que elas se sintam seguras, valorizadas e respeitadas. 
  • Avaliação de desempenho justa e equitativa: É importante que a avaliação de desempenho seja justa e equitativa, levando em consideração os desafios e barreiras que pessoas de grupos minoritários podem enfrentar.

Independente de cada ação de desenvolvimento pessoal, é importante que os feedbacks também sejam constantes, ajudando a identificar melhorias, pontos de evolução das habilidades e competências das pessoas colaboradoras. Além disso, acompanhar os resultados e analisar o que deu certo e o que deu errado. 

Em resumo, ao implementar um programa de desenvolvimento de pessoas, as empresas criam um ambiente favorável para aprimorar as habilidades e competências das pessoas colaboradoras, contribuindo para a realização pessoal e profissional delas.

Quando a organização valoriza a diversidade e inclusão no ambiente de trabalho, abrem espaço para que pessoas com diferentes origens e experiências tenham novas oportunidades. Implementar programas de desenvolvimento pessoal específicos para colaboradores que fazem parte de grupos minoritários é fundamental para garantir que todos tenham as mesmas oportunidades de crescimento e aprendizado. 

São várias as ações e métodos que podem e devem ser aplicadas, considerando a necessidade de cada organização, assim como o perfil de quem compõe o grupo de colaboradores. As vantagens são inúmeras, seja para as pessoas colaboradoras a oportunidade de crescer e se desenvolver, como para a empresa que aumenta a competitividade, a inovação e o seu crescimento sustentável.